Folha de S. Paulo


Sob críticas da Turquia, UE diz ter fechado plano de ação para refugiados

Líderes da União Europeia (UE) reunidos em Bruxelas disseram ter fechado na madrugada de sexta (16) um acordo para um plano de ação com a Turquia, na madrugada de sexta, oferecendo cerca de 3 bilhões de euros em ajuda à Turquia em troca da ajuda do país em frear o fluxo de refugiados em direção ao continente.

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse, porém, que a UE demorou demais para agir em relação à crise de refugiados e não deu garantias de que vai assinar o acordo com o bloco nos atuais termos.

A declaração foi dada no mesmo dia em que a Hungria anunciou o fechamento de sua fronteira com a Croácia, interrompendo uma das principais rotas que refugiados, vindos principalmente da Síria e do Iraque, utilizam para chegar a países mais ricos do continente para pedir asilo.

A UE também concordou em acelerar as conversas para a entrada da Turquia no bloco e facilitar a emissão de vistos de entrada para turcos na zona Schengen.

O chanceler turco, Feridun Sinirlioglu, afirmou que o plano não havia sido fechado completamente e que era errada a impressão de que a Turquia queria dinheiro em troca de manter os refugiados em seu território.

O plano de ação visa uma maior cooperação entre o bloco e a Turquia, que possui uma fronteira de 900 km com a Síria e abriga cerca de 2 milhões de refugiados do país, para oferecer melhores condições aos que foram deslocados.

Apesar de o plano não estipular uma quantia para os "novos fundos substanciais e concretos", a chanceler alemã, Angela Merkel, que se encontrará com Edogan no sábado, disse que 3 bilhões de euros (ou US$ 3,4 bi), que Ancara teria solicitado à UE, parecia uma quantia razoável.

"Nós já gastamos US$ 8 bilhões [com os refugiados] até agora. Quanto apoio recebemos do mundo? [Foram] US$ 417 milhões", disse Erdogan, em pronunciamento.

Erdogan acusou a Europa de ter acordado para a verdadeira dimensão da crise de refugiados sírios quando as imagens do corpo do menino Aylan Kurdi, 3, foram divulgadas pela mídia.

"Quando o menino Aylan foi arrastado para a costa de Bodrum, eles começaram a usar aquela foto na capa das revistas e a se questionarem", disse o presidente turco.

"Mas há quanto tempo nós temos chamado a atenção [para o problema]? Na Turquia, hoje, há 2,2 milhões de sírios. São 300 mil iraquianos."

FRONTEIRA HÚNGARA

A Hungria anunciou nesta sexta-feira que vai fechar sua fronteira com a Croácia à meia-noite de sexta, no horário local, para tentar conter o fluxo de refugiados que usam o país como porta de entrada na União Europeia.

O país já havia fechado a fronteira com a Sérvia, a principal rota até então, erguendo uma cerca reforçada de arame farpado ao longo da divisa. A barreira tem sido estendida para a fronteira com outros países.

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, contrário ao recebimento de estrangeiros, justificou a medida alegando proteger a integridade e os valores cristãos do país.

Após o fechamento, é provável que os refugiados passem a seguir em direção à Eslovênia, de apenas 2 milhões de habitantes.

É um momento delicado da crise, pois, com a aproximação do inverso, os termômetros têm caído na Croácia, onde as autoridades já têm tido dificuldades em oferecer auxílio aos refugiados.

Cerca de 5.000 a 8.000 têm cruzado a fronteira entre Croácia e Hungria todos os dias. De lá, muitos têm sido levados organizadamente até a Áustria. A decisão da Hungria interrompe essa etapa da viagem.


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