Folha de S. Paulo


Palestinos incendeiam templo venerado por judeus na Cisjordânia

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Palestinos incendiaram na madrugada desta sexta-feira (16) o túmulo do patriarca bíblico José, na Cisjordânia, em um novo dia de tensão em Israel e nos territórios palestinos ocupados.

O Exército de Israel informou que cerca de cem pessoas correram para o local sagrado, localizado próximo à cidade palestina de Nablus. Elas foram retiradas por forças de segurança palestinas, mas não antes de incendiarem algumas partes do templo.

Atque ao túmulo de José

"Vemos este incidente com gravidade e condenamos fortemente qualquer ataque a locais sagrados. Vamos encontrar e prender os responsáveis pelo incêndio", informou o Exército em comunicado.

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, considerou o incêndio um ato "irresponsável".

Segundo relatos iniciais, partes do templo foram danificadas, mas a sepultura de José em si manteve-se intacta.

Kobi Gideon - 28.dez.2010/Efe
NAB105 NABLUS (PALESTINA) 16/10/2015.- Fotografía de archivo tomada el 28 de diciembre de 2010 que muestra a judíos ultraortodoxos en la tumba de José en Nablus (Palestina). Un grupo de palestinos prendió fuego esta madrugada a la Tumba de José, en la de Nablus, en el norte del territorio palestino ocupado de Cisjordania, informó hoy el Ejército israelí. La denominada Tumba del patriarca José es venerada desde hace siglos por cristianos, judíos y musulmanes. El Ejército israelí se retiró del sitio al principio de la Segunda Intifada, en septiembre 2000, que desde entonces quedó en manos de la Autoridad Nacional Palestina (ANP). EFE/Flash 90/Kobi Gideon PROHIBIDO SU USO EN ISRAEL ORG XMIT: NAB105
Judeus visitam o templo em Nablus

O Túmulo de José é um local venerado por seguidores do judaísmo, do cristianismo e do islamismo. Desde que Israel ocupou a Cisjordânia, em 1967, a visita de judeus ao templo é protegida pelo Exército israelense e o acesso de muçulmanos a ele é restringido.

O local havia sido saqueado e depredado por palestinos em 2000, no início da Segunda Intifada, revolta que terminou com cerca de mil israelenses e 3.200 palestinos mortos. O templo passou por reformas entre 2009 e 2010.

'DIA DE FÚRIA'

Também na Cisjordânia, um palestino vestindo um colete de imprensa esfaqueou um soldado israelense, ferindo-o. O agressor foi baleado e morto por outros militares, segundo versão do Exército israelense.

O ataque ocorreu próximo a um protesto após as tradicionais orações muçulmanas de sexta-feira na cidade de Hebron.

Outros três jovens teriam sido mortos por soldados israelenses, de acordo com autoridades palestinas. Um em Beit Furik, na Cisjordânia e outros dois perto do posto de controle de fronteira de Erez, em Gaza. Segundo a polícia, os palestinos mortos investiram com pedras contra postos de controle.

Veja tweet

O incêndio e a agressão ocorrem em um "Dia de Fúria" convocado pelo movimento radical islâmico Hamas em meio à onda de violência que atinge Israel e os territórios palestinos ocupados.

Desde o início do mês, ao menos oito israelenses morreram e dezenas ficaram feridos em ataques de palestinos com facas, pedras e armas de fogo. No mesmo período, ao menos 32 palestinos foram mortos por israelenses, incluindo 14 pessoas que morreram após realizar ataques. Centenas de palestinos ficaram feridos em confrontos com colonos e soldados israelenses.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, condenou o surto de violência na região e pediu ao premiê israelense, Binyamin Netanyahu, e ao presidente palestino, Mahmoud Abbas, que evitassem declarações que incitassem novos confrontos.

"Não acho que podemos esperar que todos os problemas entre israelenses e palestinos sejam resolvidos para só depois tentarmos reduzir a violência", disse.

O secretário de Estado americano, John Kerry, viajou à Europa nesta sexta (16) e deverá se encontrar com Netanyahu na próxima semana.

ONU

No Conselho de Segurança da ONU, Israel rejeitou o pedido de representantes palestinos para que uma força internacional atue em Jerusalém Oriental para restaurar a calma nas imediações da Esplanada das Mesquitas (Monte do Templo, para os judeus).

"Deixe-me ser bem claro. Israel não concordará com nenhuma presença internacional no Monte do Templo. Essa presença acarretaria uma mudança no status quo", disse Davied Roet, número 2 de Israel na ONU.

Danny Danon, embaixador de Israel na organização, também acusou Abbas de incitar a violência com discursos de ódio e exibiu um cartaz com o título "How to Stab a Jew" [como esfaquear um judeu], sugerindo que a ação estaria sendo ensinada a crianças palestinas.

Segundo o Middle East Research Institute, a imagem apresentada por Danon foi retirada de redes sociais.

Michelle Nichols/Reuters
Embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, mostra diagrama em entrevista à imprensa
Embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, mostra diagrama em entrevista à imprensa

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