Folha de S. Paulo


Ex-chanceler Amorim recebe mais alta condecoração palestina

O ex-chanceler e ex-ministro da Defesa do Brasil, Celso Amorim, recebeu nesta quarta (14) em Ramallah, na Cisjordânia, a Ordem da Estrela de Jerusalém, mais importante comenda oferecida pela Autoridade Nacional Palestina a figuras de peso do cenário nacional e internacional.

A comenda foi entregue a Amorim pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, em cujo semblante era visível a preocupação quanto à escalada da violência entre palestinos e israelenses neste mês.

Segundo o ex-chanceler brasileiro, o líder palestino disse estar se esforçando para não fomentar a violência e retomar o diálogo com Israel.

Thaer Ghanayem
O ex-chanceler brasileiro Celso Amorim (à esq.) recebe comenda do líder palestino Mahmoud Abbas
O ex-chanceler brasileiro Celso Amorim (à esq.) recebe comenda do líder palestino Mahmoud Abbas

"Abbas me disse que sua posição é retomar um diálogo no contexto dos acordos do passado. Se isso não acontecer, o perigo é que os jovens palestinos percam a esperança na via que foi proposta, a de dois Estados para dois povos", disse Amorim à Folha.

"Há esse risco, mas Abbas acha que, apesar de tudo que tem acontecido, a violência está relativamente contida e é preciso que os dois lados continuem trabalhando de maneira paciente", acrescentou o ex-chanceler brasileiro.

ASSUNTOS REGIONAIS

Depois da premiação a Amorim, e horas antes de fazer um discurso aos palestinos, Abbas relembrou sua visita ao Brasil em 2009 e enviou saudações ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o qual fez amizade.

Mas os assuntos regionais falaram mais alto na conversa, que contou também com a presença da alta cúpula do governo palestino, do partido Fatah e da Organização para Libertação da Palestina (OLP), incluindo o ex-chanceler Nabil Shaath e a negociadora da OLP, Hanan Ashrawi.

Segundo Amorim, Abbas afirmou que Israel precisa cumprir suas obrigações, particularmente no que tange aos assentamentos israelenses em territórios palestinos, que o Brasil considera ilegais e um obstáculo para a paz.

"É preciso voltar à mesa de negociação para a criação de dois Estados, mas você tem que respeitar a dignidade do outro Estado –a pessoa tem que sentir que é respeitada. Isso é absolutamente essencial. Quando isso não acontece, as coisas ficam mais difíceis", analisou Amorim, referindo-se à onda de ataques de jovens palestinos com facas a israelenses.

O ex-ministro, que hoje é chefe da Missão Eleitoral da OEA no Haiti, recebeu a comenda palestina "pelo seu notável papel desempenhado em prol do estreitamento das relações entre Palestina e Brasil, seu louvável desempenho a serviço da paz do Oriente Médio e a seu incansável apoio à luta do povo palestino por sua liberdade e independência".


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