Folha de S. Paulo


Para agradar mercado, Scioli se reúne com Dilma e defende mais integração

Em uma tentativa de ganhar a confiança do setor empresarial argentino, o candidato governista à sucessão presidencial na Argentina, Daniel Scioli, defendeu nesta terça-feira (13) uma maior integração comercial entre Argentina e Brasil e o fortalecimento do Mercosul.

Em encontro com a presidente Dilma Rousseff, parte da estratégia do candidato de diminuir a resistência à sua candidatura no mercado argentino, o governador da província de Buenos Aires pregou que o próximo passo do Mercosul deverá ser a formação de parcerias entre os integrantes do bloco comercial para investimentos nas áreas de logística e infraestrutura, em uma tentativa de tornar as economias sul-americanas mais competitivas.

"Nós temos de colocar todo o esforço na integração comercial e na complementação entre os países", disse. "A Argentina tem a predisposição de trabalhar junto com o Brasil para buscar novos mercados que potencializem nossas exportações em condições justas", acrescentou.

Adriano Machado/Reuters
O candidato governista à Casa Rosada, Daniel Scioli, com a presidente Dilma Rousseff em Brasília
O candidato governista à Casa Rosada, Daniel Scioli, com a presidente Dilma Rousseff em Brasília

Na reunião, o candidato argentino disse que pediu à presidente colaboração para articulação de mecanismos entre os dois países que permitam que o país vizinho possa financiar em prazos mais longos a compra de uma parte das exportações brasileiras.

O objetivo, segundo ele, é garantir dessa forma que a Argentina preserve maiores reservas estrangeiras.

Scioli afirmou ainda que a presidente brasileira fez votos para a sua vitória na eleição presidencial –o que, segundo ela, seria importante para o desenvolvimento da região. "Ela disse 'no país, fazemos votos para a sua vitória. Será uma eleição muito importante para toda região, porque sabemos que temos uma agenda e uma visão de futuro comuns'", relatou.

DEFESA DE DILMA

O candidato argentino também saiu em defesa do mandato da petista, no momento em que ela enfrenta a ameaça de abertura de um processo de impeachment na Câmara dos Deputados.

Para Scioli, as instituições brasileiras devem atuar com responsabilidade para que a petista possa desenvolver seu mandato de maneira legítima, "na plenitude de suas faculdades constitucionais".

"Eu sou fiel defensor da governabilidade, da institucionalidade e confio que as instituições da República, com grande maturidade, irão atuar com responsabilidade", disse.

"Na Argentina, também vivemos esse triangulo midiático, jurídico e político. As forças opositoras, ao não terem chegado legitimamente ao poder por voto popular, buscam deslegitimar e atacar governos eleitos", acrescentou.

Daniel Scioli também criticou a defesa que seu opositores têm feito ao chamado "voto útil" na disputa presidencial. Segundo ele, o voto útil deve ser o da agenda do desenvolvimento da Argentina.

Com a liderança do candidato governista nas pesquisas de intenção de voto, os candidatos Mauricio Macri, da coligação Cambiemos ("mudemos"), e Sergio Massa, da Unidos por uma Nova Argentina, passaram a apelar ao "voto útil" contra o "voto inteligente" para enfrentar o candidato da presidente Cristina Kirchner.

Mais cedo, antes do encontro com a presidente brasileira, o candidato se reuniu com o presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez.


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