Folha de S. Paulo


União Europeia pede que Rússia pare com bombardeios a opositores na Síria

Os líderes da União Europeia divulgaram comunicado nesta segunda-feira (12) pedindo que as forças russas encerrem qualquer operação militar que atinja opositores do regime do ditador Bashar al-Assad na Síria.

Ao mesmo tempo, forças americanas, segundo a rede CNN, enviaram 50 toneladas de munição aos rebeldes anti-Assad, numa tentativa de ajudá-los em meio ao fortalecimento das forças do governo apoiadas pela Rússia.

Europa e Estados Unidos buscam reagir à ofensiva de Moscou na região, iniciada no dia 30 de setembro sob o discurso oficial de que o objetivo é derrubar a facção Estado Islâmico, que ocupa territórios no país e no Iraque.

Os membros da UE reuniram-se em Luxemburgo para mandar um recado ao presidente Vladimir Putin. Em nota, afirmaram que os "recentes ataques militares russos" na Síria causam "profunda preocupação" porque estão indo além do que deveria ser seu alvo principal, o Estado Islâmico.

Esse tipo de ação, alerta a UE, deve cessar "imediatamente". O bloco chama atenção ainda para a "violação da soberania do espaço aéreo de países vizinhos" por parte da Rússia, acusada recentemente de invadir área da Turquia para agir na Síria.

"A UE pede para a Rússia focar seus esforços no objetivo comum de atingir uma solução política para o conflito", diz trecho do comunicado, que menciona a morte de pelo menos 250 mil pessoas desde 2011.

"Essa escalada militar arrisca prolongar o conflito, minar o processo político, agravando a situação humanitária e aumento a radicalização", ressalta a UE.

A UE não diz oficialmente, mas seus líderes são contrários a qualquer tipo de negociação com Assad para uma transição política na Síria.

O bloco menciona que o ditador não deve fazer parte de operação conjunta de combate ao Estado Islâmico por ter sido responsável pelas mortes ocorridas no conflito interno.

ATAQUE POR TERRA

A reação do bloco europeu ocorre dias depois de a Rússia entrar numa nova fase da sua operação, dando suporte para as forças leais a Bashar al-Assad atacar por terra os opositores.

Aliado de Assad, o presidente Putin tem dito que o foco da ação russa é derrotar o Estado Islâmico e não os rebeldes anti-regime.

Segundo o ministério de Defesa russo, desde domingo (11) 51 alvos do EI foram atingidos. A Rússia passou a usar o mar Cáspio na semana passada como ponto de partida dos bombardeios, assim como já fazia a partir de base no Mediterrâneo e de áreas da Síria controladas por Assad.

O ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, reafirmou a posição de Moscou de que aceitaria alguma ação coordenada com os EUA na Síria, algo, no entanto, que tem sido rechaçado pelo governo de Barack Obama.

Os rebeldes antirregime de Assad têm atuado como aliado das forças americanas para abrir caminho no território na luta contra o Estado Islâmico. O enfraquecimento deles como uma consequência da ação russa incomoda os EUA.

Nesta segunda, de acordo com a CNN, os americanos enviaram 50 toneladas de munição aos rebeldes no norte do país, numa estratégia de compensar o fracasso no treinamento dessas milícias. Paraquedas com 112 caixotes com munição teriam sido lançados por um avião C-17 na província de Al-Hasakah e recolhidos com sucesso.

Infográfico: As armas de Putin na Síria


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