Folha de S. Paulo


EUA reconhecem fracasso e mudam programa de apoio a rebeldes sírios

O governo dos EUA decidiu suspender nesta sexta (9) um programa de treinamento de rebeldes sírios por reconhecer o fracasso dessa tática para derrotar a facção terrorista Estado Islâmico (EI).

Segundo fontes da Casa Branca e do Pentágono ouvidas pelo "The New York Times", a estratégia de levar rebeldes moderados para fora da Síria, treiná-los e trazê-los de volta ao país para combater o EI falhou, em parte, porque muitos dos militantes estavam mais interessados em lutar contra o regime de Bashar al-Assad do que contra os terroristas –que também se opõem ao ditador.

Saul Loeb-18.jun.2015/AFP
TOPSHOTS US President Barack Obama speaks about the shooting deaths of nine people at a historic black church in Charleston, South Carolina, from the Brady Press Briefing Room of the White House in Washington, DC, June 18, 2015. AFP PHOTO / SAUL LOEB ORG XMIT: SAL007
Foto de arquivo mostra Barack Obama durante discurso na Casa Branca

O orçamento do governo Barack Obama para o projeto era de US$ 580 milhões.

Há pouco mais de uma semana, a Rússia, aliada de Assad, iniciou uma série de ataques aéreos na Síria, sob justificativa de estar combatendo o EI. No entanto, há relatos de que os principais atingidos foram, na realidade, opositores do regime.

Também uma coalizão militar liderada pelos EUA age no país realizando bombardeios contra bases do EI.

O Pentágono anunciou que, nos próximos dias, negociará com a Rússia propostas para garantir a segurança das operações aéreas de ambos os países na Síria.

NOVO PLANO

Em vez de condicionar a entrega de armas a um treinamento prévio por forças americanas, o Pentágono agora fornecerá equipamentos diretamente a líderes rebeldes –desde que provado que eles não tenham ligação com milícias radicais islâmicas.

Por meio desses líderes, é esperado que as armas cheguem a milhares de militantes.

A número três do Pentágono, Christine Wormuth, disse que o governo tem "grande confiança" nos beneficiários do novo plano e que não serão distribuídos equipamentos complexos, como artilharia antiaérea ou antitanque.

Segundo ela, apenas 60 combatentes sírios, de um total previsto de 5.400 no projeto original, chegaram a ser treinados e equipados pelos EUA neste ano, a um custo de US$ 10 milhões cada um. "Não acho que foi um programa mal executado. Era uma missão muito complexa."

Segundo o governo, a suspensão é uma "pausa operacional" e seu retorno não está descartado. Um programa paralelo da CIA de treinamento de rebeldes não foi afetado e continuará operando.

Quando lançado, o programa agora suspenso foi avaliado como um teste da estratégia de Obama de formar parceiros locais para evitar o envio de tropas americanas a países que lutam contra o EI.

Foram realizados módulos de treinamento na Jordânia, no Qatar, na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos. No entanto, houve uma série de problemas, como a tomada, pela Frente al-Nusra (filial da Al Qaeda), de armas de rebeldes treinados pelos EUA.

Nesta sexta, o EI fez um significante avanço, tomando seis vilarejos próximos à estratégica cidade de Aleppo.

Também Hussein Hamedani, proeminente general da Guarda Revolucionária do Irã, teria sido morto na Síria enquanto prestava consultoria às forças de Assad, aliado de Teerã. As circunstâncias da morte não foram informadas.

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