Folha de S. Paulo


Veteranos das Malvinas constroem 'puxadinho' na praça de Maio

Durou pouco mais de dez horas o "puxadinho" que veteranos da Guerra das Malvinas tentaram construir na praça de Maio, bem em frente à sede do governo da Argentina.

Acampados há sete anos no principal cartão-postal da cidade de Buenos Aires, os manifestantes pedem que o governo lhes estenda benefícios concedidos aos ex-combatentes, que foram para o front da batalha contra o Reino Unido, de abril a junho de 1982.

O grupo é composto por militares reformados que deram apoio às tropas argentinas, mas não chegaram a lutar nas Malvinas.

Eitan Abraovich - 16.jun.2015/AFP
Veteranos da Guerra das Malvinas marcham até prédio da Suprema Corte em protesto em Buenos Aires
Veteranos da Guerra das Malvinas marcham até prédio da Suprema Corte em protesto em Buenos Aires

Desde fevereiro de 2008, eles ocupam uma parte da praça de Maio em um abrigo de lona, com cartazes e faixas com palavras de ordem.

Sentados em cadeiras de plástico e tomando chimarrão, se transformaram em parte da paisagem local, uma ilustração pitoresca de como os protestos fazem parte do cotidiano argentino.

Nesta quarta (7), eles começaram a levantar paredes de tijolo e cimento para o acampamento, dando um tom mais concreto ao seu pleito.

Provocado pela imprensa local, o prefeito eleito da cidade de Buenos Aires, Horácio Rodríguez Larreta, do partido opositor ao governo da presidente Cristina Kirchner, afirmou que a responsabilidade pelo cuidado da cidade era sua, mas a segurança da praça de Maio caberia à Polícia Federal, instalando no local também um conflito político.

Às vésperas das eleições presidenciais, em 25 de outubro, os federais, a serviço de Cristina, não intervieram.

O jogo de empurra levou 13 horas. Por volta das 22h, com a "obra" embargada pela Justiça da capital, os próprios manifestantes derrubaram as paredes, que já tinham cerca de meio de metro de altura.

Eles prometeram, contudo, manter a mobilização, embora o governo de Cristina tenha reafirmado que não os reconhecerá como ex-combatentes. Indício de que, se as paredes se vão, o protesto fica.


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