Folha de S. Paulo


Governo vence eleição em Portugal, mas pode ficar sem maioria

A coligação de centro-direita que governa Portugal há quatro anos, encabeçada pelo premiê Pedro Passos Coelho, venceu as eleições legislativas deste domingo (4).

Com 99% das urnas apuradas, a coligação Portugal à Frente, do primeiro-ministro, tinha 38,5% dos votos, contra 32,4% da principal oposição, o PS (Partido Socialista) -cujo líder, António Costa, reconheceu a derrota no domingo à noite.

Com a vitória, Passos Coelho tornou-se o primeiro líder europeu a se reeleger após impor um pacote de austeridade a seu país, em razão da crise econômica de 2009.

Francisco Leong/AFP
O primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, celebra a vitória de sua coligação em hotel de Lisboa
O primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, celebra a vitória em hotel de Lisboa

Na noite de domingo (4), o premiê disse, receber a vitória "com humildade", já que não conseguiu alcançar a maioria de assentos no Parlamento.

"Tomarei a iniciativa de procurar no Parlamento entendimentos com o PS para as reformas necessárias para a sociedade portuguesa", disse Passos Coelho, no hotel em Lisboa que serviu de sede de campanha de sua coligação.

Com 99% de apuração, os resultados mostravam o governo com cem do total de 230 cadeiras. O número ainda pode subir um pouco até o fim da contagem, mas dificilmente alcançará os 116 assentos necessários para conseguir a maioria.

"O governo tem de entender que as coisas são diferentes agora", declarou o socialista António Costa, em referência à perda da maioria por Passos Coelho.

O socialista, porém, negou que tenha a intenção de tornar o país ingovernável. Na reta final da campanha, o cadidato do PS disse que tentaria uma manobra com outras siglas de esquerda para inviabilizar o novo governo.

Uma coligação pós-eleitoral pode, em tese, conseguir barrar a indicação do primeiro-ministro e até mesmo "travar" o governo português em pontos-chave, como a aprovação do Orçamento do país.

De acordo com a agência de notícias Reuters, nenhum governo de minoria conseguiu chegar ao fim de um mandato em Portugal desde a redemocratização, em 1974.


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