Folha de S. Paulo


Papa Francisco faz missa na Filadélfia, nos EUA, e defende liberdade religiosa

O papa Francisco realizou neste sábado (26) missa para cerca de 1.600 fiéis na Filadélfia, terceira e última parada de sua viagem aos Estados Unidos. Antes, o pontífice passou por Washington e Nova York.

Um dia após seu discurso na ONU, em Nova York, o papa esteve na cidade que é o berço da independência americana para defender a liberdade religiosa e pedir que a igreja valorize mais as mulheres.

A missa foi realizada na Basílica de São Pedro e Paulo da Filadélfia e, durante a homilia, Francisco afirmou que o futuro da Igreja Católica nos EUA exige um papel muito mais ativo dos católicos.

O papa criticou a perseguição a cristãos e a outras minorias religiosas no Oriente Médio. Ele também destacou o papel das mulheres. "Isso significa valorizar a imensa contribuição que a mulher fez e continua a fazer para a vida de nossas comunidades", afirmou.

Tony Gentile/Reuters
Papa faz missa para cerca de 1.600 fiéis na Filadélfia, cidade dos EUA
Papa faz missa para cerca de 1.600 fiéis na Filadélfia, cidade dos EUA

Após a missa, o pontífice foi ao Independence Hall, edifício do século 18 onde os dois documentos que deram origem aos EUA, a Declaração de Independência e a Constituição, foram instituídos.

Ali, em frente a cerca de 40 mil pessoas, o papa se dirigiu aos milhares de imigrantes que vivem nos Estados Unidos. "Vocês trazem muitos dons a sua nova nação. Não se envergonhem nunca de suas tradições", disse. "Ao contribuir com seus dons, vocês não só encontrarão seu lugar aqui, mas ajudarão a renovar a sociedade por dentro."

O papa também participou na noite de sábado do Encontro Mundial de Famílias, onde fez declarações bem-humoradas e improvisadas. Ali, comparou a família "a uma fábrica de esperanças" e disse que crianças e idosos devem receber especial cuidado no seio familiar.

"Na família, às vezes os pratos voam. Às vezes os filhos trazem dores de cabeça. E nem vou falar das sogras...", disse, provocando risadas.

Francisco encerra seu sexto dia de sua viagem aos EUA neste domingo (27), com uma missa em frente ao edifício neoclássico do Museu de Arte da Filadélfia, para a qual são esperadas 1,5 milhão de pessoas. Em seguida, volta para o Vaticano.

DISCURSO NA ONU

Na sexta-feira (25), em discurso na Assembleia Geral da ONU, o papa destacou que os cristãos e outros grupos no Oriente Médio "tem sido forçados a testemunhar a destruição de seus locais de culto, sua herança cultural e religiosa e suas casas e propriedades", sendo obrigados a fugir para não enfrentar a morte ou a escravidão.

O papa também denunciou em seu discurso "uma sede egoísta e sem limites por poder e prosperidade material" no mundo, o que leva a um mau uso dos recursos naturais e a exclusão dos "fracos e desfavorecidos".

Francisco também fez na quinta-feira o primeiro pronunciamento de um pontífice no Congresso dos Estados Unidos. Ele pediu a abolição da pena de morte, condenou o fundamentalismo religioso e voltou a defender os imigrantes.

"Toda vida é sagrada, toda pessoa humana é dotada de dignidade inalienável, e a sociedade só pode se beneficiar da reabilitação daqueles condenados por crimes", disse Francisco, que fez um apelo direto aos congressistas americanos contra a pena capital.

Embora não seja inédito, o pronunciamento do papa em um parlamento não é um acontecimento corriqueiro. Só dois pontífices já haviam feito o mesmo, João Paulo 2º e Bento 16.

ESTÁTUA DA LIBERDADE

Antes de chegar ao aeroporto JFK, em Nova York, para embarcar no voo que o levaria à Filadélfia, o papa pediu que o helicóptero em que ele estava sobrevoasse a Estátua da Liberdade e Ellis Island, lugar onde por muito tempo os imigrantes aportavam na cidade.

"Ele ficou muito, muito emocionado", disse aos repórteres o arcebispo de Nova York, Timothy Dolan, que acompanhava Francisco. "E me disse 'Buenos Aires também é uma cidade de imigrantes'".

Nascido na capital argentina em 1936, o papa é o mais velho dos cinco filhos de Mario Bergoglio, nascido na região italiana do Piemonte.


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