Folha de S. Paulo


Dissidente do kirchnerismo ameaça embolar eleições argentinas

Uma militância animada cortou parte da avenida Corrientes, no centro de Buenos Aires, no final da tarde desta segunda-feira (21) para celebrar a melhora do desempenho de Sergio Massa nas pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial da Argentina—que ocorre em 25 de outubro.

Terceiro colocado nas primárias, Massa encostou no atual ocupante do segundo lugar, o direitista Mauricio Macri, ameaçando embolar a corrida eleitoral.

Enrique Marcarian-1.mai.15/Reuters
Presidential hopeful Sergio Massa of the Frente Renovador (Renewal Front) takes part in a rally for the October 25 presidential election at Velez Sarsfield stadium in this file photo taken Buenos Aires, Argentina, May 1, 2015. Pro-business Buenos Aires Mayor Mauricio Macri has ruled out forming an alliance with fellow opposition candidate Massa ahead of Argentina's October presidential election, Macri's campaign team said on Friday. Picture taken May 1, 2015. To match story ARGENTINA-ELECTION-OPPOSITION/ REUTERS/Enrique Marcarian/Files ORG XMIT: BAS02
O candidato à Presidência da Argentina Sergio Massa participa de comício em Buenos Aires

Segundo a consultora González y Valladares, o candidato governista Daniel Scioli lidera, com 37,8%, seguido de Macri, em ligeira queda, com 26,7%. Logo em seguida está Massa, da Frente Renovadora, com 24,2%.

A queda de Macri é atribuída às denúncias de corrupção de Fernando Niembro, homem de confiança do prefeito de Buenos Aires e que concorria a um posto de deputado. A repercussão negativa do escândalo fez com que Niembro renunciasse à disputa. As pesquisas indicam que a crise respingou também em Macri, provocando sua queda.

"Se Macri cai porque roubou 20 'paus' não é minha culpa", disse Massa, irônico.

CAMPANHA

No ato desta segunda-feira (21), o candidato, que já foi chefe de gabinete de Cristina Kirchner e é um dissidente do kirchnerismo, prometeu acabar com as limitações para a compra de dólares, que chamou de "vergonha" e prometeu um crescimento do PIB de "cinco pontos por quatro anos consecutivos".

Também fez um discurso duro em matéria de segurança, que as pesquisas revelam ser uma das principais preocupações dos argentinos, e narcotráfico.

"Vamos mudar o Código Penal para que os narcotraficantes tenham prisão perpétua, assim como os violadores e os femicidas. Vamos construir 240 prisões. Vamos colocar o Exército e a polícia lutando contra esse exército do mal que é o narcotráfico."

Um dos momentos em que foi mais aplaudido, porém, foi quando se referiu à corrupção. "Vamos propor que os delitos de corrupção jamais prescrevam. Aquele que rouba o Estado será perseguido pela Justiça até o dia da morte."

Prometeu, ainda, uma estratégia para acabar com os protestos de rua e os cortes de trânsito que provocam.

Curiosamente, ao mesmo tempo, seus militantes, do lado de fora do teatro Broadway, complicavam o tráfego na avenida Corrientes.


Endereço da página:

Links no texto: