Folha de S. Paulo


Bolívia fará referendo para liberar Evo Morales a concorrer a quarto mandato

O Senado da Bolívia definiu nesta sexta-feira (18) que será levada a referendo a proposta de dar ao presidente Evo Morales o direito a concorrer a um quarto mandato nas eleições de 2019.

Morales tomou posse em janeiro para seu terceiro mandato, previsto para terminar em 2020. Caso a mudança na Constituição seja aprovada e Morales seja eleito, ele cumprirá 19 anos no poder no final do quarto mandato.

Martín Zabala/Xinhua
O presidente Evo Morales levou cartão vermelho em jogo com o candidato argentino Daniel Scioli
O presidente Evo Morales levou cartão vermelho em jogo com o candidato argentino Daniel Scioli

A proposta foi entregue na quinta-feira (17) pelos parlamentares ligados ao partido do mandatário, o Movimento ao Socialismo, ao presidente do Senado, o governista José Alberto Gonzáles.

Antes da entrega do documento, os governistas fizeram uma marcha com mais de 2.000 militantes pelas ruas de La Paz. Os manifestantes foram acompanhados por uma banda de música e gritaram músicas de apoio a Morales.

Agora, o presidente do Senado encaminhará o projeto à Comissão Mista de Constituição, composta por membros do Senado e da Câmara. Em seguida, vai ao plenário, onde deve ter dois terços dos votos para avançar.

Devido à maioria legislativa do Movimento ao Socialismo, a proposta deverá ser aprovada. Em seguida, o presidente do Senado envia o texto ao Tribunal Superior Eleitoral, que convoca o referendo em 120 dias.

Nesta sexta (18), Gonzáles disse que seria possível fazer a consulta em 31 de janeiro, o que daria apenas 12 dias ao Legislativo para avaliar a proposta. Em entrevista, ele defendeu a gestão do presidente.

"O único que Evo deu ao país são dias melhores e não como há dez anos com a oposição", afirmou. "Esta proposta passará pelo povo e será o povo quem vai decidir se quer a candidatura ou não."

Nesta sexta, o mandatário criticou a oposição por ter acusado o governo de tentar o quarto mandato por não ter novas lideranças. "Estamos projetando líderes com muito compromisso. É nossa obrigação dar oportunidade."

OPOSIÇÃO

Morales assumiu pela primeira vez em 22 de janeiro de 2006. Três anos depois, aprovou a alteração da Constituição permitindo sua primeira reeleição, em mandato que terminaria em janeiro deste ano.

No entanto, ganhou uma causa na Suprema Corte que lhe permitiu concorrer pela terceira vez no ano passado. O desempenho da economia, que crescerá 4,5% neste ano, é um dos fatores que elevam a popularidade de Morales.

A oposição pretende recorrer à Justiça e a órgãos internacionais para evitar a aprovação. O ex-presidente Jorge Quiroga considera que o presidente quer se manter no poder para encobrir a corrupção.

"Vamos convocar os bolivianos a dizer não a um sistema imperial que tenta tratar a Constituição como os cadarços do sapato de um imperador e seu entorno", criticou.


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