Folha de S. Paulo


Burkina Fasso é palco de confrontos após golpe militar

Um dia após manter presos os líderes do governo interino de Burkina Fasso, o Exército declarou nesta quinta-feira (17) que controla o país, semanas antes das eleições gerais. O anúncio do golpe provocou confrontos violentos nas ruas da capital, Uagadugu.

Segundo fontes hospitalares, confrontos entre forças de segurança e manifestantes contrários ao golpe deixaram ao menos três mortos e 60 feridos.

Os militares fecharam as fronteiras por terra e por ar entre as 19h e as 6h. Além disso, foi declarado toque de recolher.

Foi nomeado novo chefe de Estado o general Gilbert Diendere, que assessorou o ex-ditador Blaise Compaoré, que renunciou em outubro de 2014, em meio a um levante popular, após passar 27 anos no poder. Não há informações sobre a localização atual de Compaoré, que fugiu para a costa do Marfim após sua renúncia.

Diendere afirmou que não estava em contato com o Compaoré. À agência de notícias Associated Press (AP), ele disse que a data marcada para as eleições, 11 de outubro, parece ser "cedo demais" e deve ser adiada.

OF burkina fasso

"Não cabe a nós dizer sobre o retorno de Compaore. Nós queremos estabilizar o país e garantir eleições", afirmou.

Um comunicado lido por um porta-voz do Exército e transmitido por rádio e televisão nesta quinta criticou o código eleitoral, que impede apoiadores e membros do partido de Compaoré de participar da eleição.

À emissora France24, Diendere disse: "Todas as mudanças desse tipo podem gerar violência, estou consciente disso. (...) Todo o possível será feito para evitar que a violência mergulhe o país no caos", disse Diendere à emissora France24.

Nesta quarta-feira, forças leais a Compaoré mantiveram reféns no palácio presidencial o presidente, Michel Kafando, o premiê, Isaac Zida, e dois ministros, Augustin loada e René Bagoro. Não há informações sobre a atual localização deles.

Os acontecimentos recentes em Burkina Fasso marcam o sexto golpe de Estado desde que o país se tornou independente da França, em 1960. O país é um importante aliado da França e dos Estados Unidos no combate a militantes islamitas no Oeste da África.


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