Folha de S. Paulo


Hungria fecha parte de sua fronteira e detém pelo menos 174 migrantes

No dia em que entrou em vigor uma nova lei no país que torna crime cruzar sua fronteira ilegalmente, a Hungria deteve, nesta terça (15), 174 migrantes. Parte deles já estava dentro do país, e outros foram acusados de danificar a cerca construída para conter o fluxo de refugiados.

A Hungria é uma das principais portas de entrada para a União Europeia e faz parte da rota de milhares de pessoas -em sua maioria sírios- que tentam chegar a países mais ricos, como a Alemanha.

Segundo a polícia húngara, mais de 200 mil refugiados e imigrantes entraram no país desde o início do ano. A maior parte deles atravessou a fronteira a partir da Sérvia e, em quase todos os casos, as pessoas seguiram viagem para o oeste da Europa.

Na segunda (14), antes do fechamento do posto de Roszke, principal passagem na fronteira com a Sérvia, o país registrou um recorde de entradas: 9.380 pessoas em um dia.

Quase 300 pessoas, incluindo muitas crianças, permaneciam nesta terça diante do posto. Com cartazes, eles pediam aos oficiais para entrar no país. Um grupo fez greve de fome, e alguns tentaram forçar a entrada.

A nova legislação da Hungria prevê penas de prisão de até três anos para quem danifique ou ultrapasse a cerca de arame farpado de 3,5 metros de altura instalada ao longo dos 175 quilômetros de fronteira com a Sérvia.

O governo húngaro disse que vai devolver a maior parte dos detidos à Sérvia, onde também poderiam pedir asilo.

As autoridades sérvias repudiaram as interdições e pediram a reabertura de Roszke, temendo que isso leve a crise humanitária para Horgos, do seu lado da fronteira.

O chanceler húngaro, Peter Szijjarto, confirmou que o país considera erguer uma nova cerca de arame farpado, agora em parte dos 450 km de fronteira com a Romênia.

Nesta terça, a Hungria declarou ainda estado de emergência em dois condados na divisa com a Sérvia, permitindo, assim, o envio do Exército para a região para tentar impedir entrada de estrangeiros.

A decisão também autoriza o bloqueio de estradas e a interrupção do serviço de instituições públicas.

REUNIÃO

Em Berlim, a chanceler alemã, Angela Merkel, acompanhada de seu colega austríaco, Werner Faymann, pediu uma cúpula urgente de líderes da UE para discutir a crise de refugiados.

O bloco anunciou, horas depois, um novo encontro de ministros para o dia 22. A anterior, na última segunda, terminou em impasse, já que alguns países, como República Tcheca, Eslováquia e Polônia, resistiram à ideia de cotas para realocar 120 mil refugiados no continente.

Diante do reforço na fronteira húngara, a Áustria anunciou nesta terça (15) que um novo controle na divisa com a Hungria entrará em vigor nesta madrugada.

Inicialmente, o governo austríaco havia informado que apenas quem possuísse um passaporte ou documento reconhecido pela UE seria autorizado a entrar no país.

A ministra de Exterior da Áustria, Johanna Mikl-Leitner, disse depois que ninguém que esteja fugindo de perseguição ou de guerra será devolvido à Hungria.

Nesta terça, o naufrágio de um barco de madeira com capacidade para 60 pessoas, mas que transportava 270, deixou ao menos 22 mortos na costa da Turquia, sendo quatro crianças. O grupo ia para a ilha grega de Kos.

Segundo a ONU, mais de 411 mil pessoas cruzaram o mar Mediterrâneo para a Europa neste ano.

Principais rotas de refugiados para a Europa

1 - Alemanha, Áustria, Holanda, República Tcheca e Eslováquia
Restabeleceram temporariamente controle fronteiriço

2 - Áustria
Enviou soldados para a fronteira com a Hungria

3 - Hungria
Vai prender traficantes e deportar imigrantes; está erguendo mais cercas e um muro na fronteira com Sérvia

Finlândia
Aumentou o controle na fronteira com a Suécia


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