Folha de S. Paulo


Plano da UE para refugiados é gota no oceano, diz vice-chanceler alemão

O vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, disse nesta quinta-feira (10) que o plano da União Europeia para dividir 160 mil refugiados entre os países do bloco é insuficiente diante do fluxo de pessoas que chega ao continente.

"É um primeiro passo, se alguém quiser ser educado. Ou você pode chamá-lo de uma gota d'água em um oceano que não resolve tudo", afirmou Gabriel, em uma sessão do Parlamento alemão.

Para provar seu argumento, ele informou que a Alemanha registrou 450 mil imigrantes neste ano, sendo 105 mil em agosto e 37 mil nos oito primeiros dias de setembro. Pela proposta da UE, o país acolheria 31 mil refugiados.

Plano de distribuição da Comissão Europeia

Distribuição de refugiados

Os números de refugiados a serem acolhidos pelos países-membros do bloco europeu deverão ser definidos na próxima semana. Depois da Alemanha, os Estados que devem receber mais refugiados são França e Espanha.

Reino Unido, Irlanda e Dinamarca não estão obrigados a aderir ao plano por não terem assinado a Resolução de Dublin, que regula os pedidos de asilo e refúgio nos países do espaço Schengen —área de livre trânsito composta por 26 países da Europa.

A medida encontra resistência principalmente dos países do leste e do centro europeu. Eslováquia, Romênia, República Tcheca e Hungria disseram que não podem se comprometer com o aumento da meta, que era inicialmente de 40 mil.

Enquanto as autoridades europeias discutem como resolver a crise, o fluxo de refugiados pelo continente não para de crescer e subir até o norte da Europa. A Dinamarca afirma ter recebido 3.200 estrangeiros desde domingo (6).

Nesta quinta, o país escandinavo reabriu sua fronteira terrestre e permitir a passagem dos refugiados, em sua maioria a caminho da Suécia. A decisão é tomada um dia após a polícia impedir a entrada de um trem vindo da Alemanha.

"Não há possibilidade de enviá-los a seus países de origem. Mas não podemos ter tantas pessoas detidas, motivo pelo qual não temos outra opção que deixá-los em liberdade", disse o chefe da polícia, Jens Henrik Hojbjerg.

Número similar de pessoas passou pela Áustria nesta quinta. Segundo a polícia, mais de 3.000 chegaram nesta noite a Nickelsdorf, na fronteira com a Hungria. Eles se juntam a milhares que estão na região desde o fim de semana.

Devido ao fluxo de refugiados, a Áustria teve que interromper o tráfego de trens para a Hungria até que se consiga colocar composições extras a Budapeste. Na estação da capital húngara, a polícia separa os refugiados e imigrantes dos demais passageiros e só autoriza a entrada de 50 deles por trem.

HUNGRIA

A pressão na parte norte da Europa deve aumentar até a próxima terça (15). Neste dia, entra em vigor na Hungria a nova lei de imigração, que aumenta os controles na fronteira e prende os que tentarem entrar no país.

O território húngaro é a principal porta de entrada de refugiados e imigrantes que vêm do Oriente Médio, em especial da Síria. Nas últimas 24 horas, mais de 3.300 imigrantes entraram no país pela fronteira com a Sérvia.

Enquanto isso, o Exército faz exercícios na fronteira com a Sérvia em preparação para a nova lei. O país é criticado por reprimir e recusar assistência aos estrangeiros. Alguns refugiados reclamam de ter passado fome e sede.

Na quarta (10), a ONG Human Rights Watch disse ser "inaceitável que as pessoas sejam tratadas como animais nas portas da Europa". O governo húngaro considera as acusações de maus-tratos "uma mentira flagrante".

Apesar das críticas, mais pessoas deverão passar pela Hungria até terça. Na Grécia, porta de entrada na Europa, 17 mil pessoas foram registradas na ilha de Lesbos e outras 7.000 esperam para atravessar pela fronteira com a Macedônia.


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