Folha de S. Paulo


ONU prevê que 850 mil cheguem à Europa pelo mar até 2016

Pelo menos 850 mil pessoas devem cruzar o mar Mediterrâneo para buscar refúgio na Europa neste ano e no próximo, previu a ONU (Organização das Nações Unidas) nesta terça (8).

"Em 2015, o Acnur [Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados] prevê que aproximadamente 400 mil recém-chegados irão buscar proteção internacional na Europa via Mediterrâneo. Em 2016, esse número pode chegar a 450 mil ou mais", declarou a entidade em um documento.

No ano passado, sempre segundo o órgão da ONU, o total estimado de migrantes que chegaram à Europa pelo mar foi de 219 mil.

O Acnur pediu políticas de asilo mais coesas para lidar com os números crescentes. Muitos dos migrantes são refugiados da Síria, forçados a viajar devido à escalada dos combates no país e à piora das condições para refugiados em nações vizinhas, em razão da escassez de financiamento dos programas de ajuda.

O porta-voz do Acnur, William Spindler, afirmou que a previsão deste ano está perto de se cumprir –estima-se que 366 mil pessoas já tenham migrado. A cifra total dependerá de os imigrantes desistirem ou não de fazer a viagem, à medida que o tempo esfriar e os mares ficarem mais perigosos com a chegada do outono no hemisfério Norte.

Até agora, os números não parecem ter diminuído com a aproximação dos meses mais frios, e muitas pessoas aparentam estar encorajadas com o anúncio da Alemanha de que irá facilitar as regras para os sírios em busca de refúgio que entraram na União Europeia por outros países.

Na segunda-feira, um recorde de 7.000 refugiados sírios chegou à ex-república iugoslava da Macedônia. Outros 30 mil estão em ilhas gregas, a maioria em Lesbos, informou o Acnur.

Muitos aportam primeiro na Grécia, depois vão para a UE para seguir para o norte, percorrendo os Bálcãs rumo à Hungria e à Alemanha.

"Por isso, obviamente, as discussões na Europa nesta semana estão adquirindo uma urgência maior. Obviamente não pode se tratar de uma solução alemã para um problema europeu", disse Melissa Fleming, do Acnur.

O chefe do organismo da ONU, António Guterres, pediu que se amplie a quantidade de mecanismos legais para os refugiados entrarem na Europa –por exemplo, oferecendo mais vistos e mais maneiras de reunir pessoas às suas famílias.

"Estou convencido de que, com os instrumentos adequados em mãos, isso será muito mais fácil de administrar", declarou Guterres.


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