A China emprestará US$ 5 bilhões à Venezuela para que o país aumente sua produção de petróleo, anunciou o presidente venezuelano em um discurso televisado de Pequim, o que demonstra o apoio continuado de um de seus maiores credores à economia do país latino-americano em crise.
A China emprestou US$ 50 bilhões à Venezuela, com garantias petroleiras, no governo do presidente anterior, Hugo Chávez, mas vinha hesitando em aumentar essa exposição agora, por conta do agravamento da situação econômica da Venezuela.
O país é o oitavo maior exportador de petróleo à China, primordialmente de petróleo cru pesado, negociado a preços abaixo dos valores de referência do mercado.
Nicolás Maduro, o presidente venezuelano, declarou em um discurso televisionado para o país, na noite de terça-feira, que o acordo "aumentaria a produção de petróleo de modo gradual nos próximos meses". Maduro está visitando a China para assistir a uma parada militar que celebrará o final da Segunda Guerra Mundial na Ásia, quinta-feira.
Analistas dizem que os problemas econômicos da Venezuela, somados à queda mundial nos preços do petróleo, criam um dilema para a China em seu relacionamento com o país latino-americano.
| Parker Song/Efe | ||
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| Presidente chinês, Xi Jinping, e seu colega venezuelano, Nicolás Maduro, se encontram em Pequim |
"Existem dois pontos de vista na China", disse Lin Boqiang, especialista em energia da Universidade Xiamen e consultor da estatal de petróleo PetroChina. "Um é que não deveríamos fazer novos empréstimos porque eles estão naufragando, e o outro é de que os preços do petróleo estão tão baixos que isso representa uma oportunidade de garantir suprimento, porque sabemos que os preços certamente subirão. Não se pode dizer que qualquer das visões seja incorreta".
A produção venezuelana vem caindo constantemente devido à falta crônica de investimentos nos complexos e envelhecidos campos petroleiros do país, a despeito de sua importância para a economia e receitas de exportação. As vendas de petróleo cru respondem por 96% das exportações venezuelanas, e cada dólar de queda no preço do petróleo representa uma perda de arrecadação de US$ 700 milhões para o governo.
Maduro afirmou que hoje a Venezuela envia 700 mil barris diários de petróleo à China.
Uma queda nos preços do petróleo à sua marca mais baixa em seis anos erodiu as receitas do Estado venezuelano e sua capacidade de manter em dia os pagamentos de sua dívida para com a China. Pequim estendeu o prazo de pagamento dos empréstimos no final do ano passado, diante da queda nos preços do petróleo cru.
Tradução de PAULO MIGLIACCI.