Folha de S. Paulo


Obama consegue apoio suficiente para impedir derrubada de acordo com Irã

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, conseguiu nesta quarta-feira (2) o número suficiente de senadores para conseguir impedir a derrubada do acordo sobre o programa nuclear iraniano.

A senadora democrata Barbara Mikulski, do Estado de Maryland, foi a 34ª parlamentar a respaldar o pacto. Com isso, o mandatário obtém o terço necessário para barrar a intenção dos republicanos de excluírem a medida.

Em nota, Mikulski disse ter tomado a decisão por considerar que as sanções contra a República Islâmica deveriam ser feitas de forma conjunta com as potências do grupo 5+1, em vez de punições aplicadas somente pelos Estados Unidos.

"Não está claro se União Europeia, Rússia, China ou Índia manterão as sanções se o Congresso rejeitar o acordo. Na melhor das hipóteses, as sanções seriam porosas, ou limitadas a ações unilaterais dos Estados Unidos."

O anúncio é feito um dia depois que os senadores Chris Coons e Bob Casey darem respaldo ao acordo. Além dos três, mais 29 senadores democratas e dois independentes já sinalizaram que votariam a favor.

O acordo será votado no Congresso na semana que vem. Para que fosse derrubado, os republicanos precisariam de dois terços na Câmara e no Senado. Isso significaria o respaldo de 290 dos 435 deputados e 67 dos 100 senadores.

Irã

Este número impediria que Obama pudesse usar o poder de veto para manter o pacto com o Irã em caso de rejeição ao acordo no Legislativo. Com os 34 votos do Senado, qualquer veto será mantido.

Para que Obama não recorra ao veto, seriam necessários 41 votos no Senado. A partir disso, o bloco favorável ao acordo poderia entrar com uma medida regimental que derrubaria a moção de repúdio.

O número será possível se sete dos dez senadores democratas que ainda não se pronunciaram decidirem votar a favor. Só dois senadores do partido decidiram votar contra —o judeu Chuck Schumer e Robert Menendez.

Diante da derrota, o líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, afirmou que a Casa debaterá na semana que vem o aumento da defesa militar no golfo Pérsico e as reações ao que chamou de "inevitáveis violações do acordo" pelo Irã.

ACORDO

Pelo acordo assinado entre a República Islâmica e as potências do grupo 5+1 (EUA, Reino Unido, França, Rússia, China e Alemanha), o Irã se compromete a reduzir seu enriquecimento de urânio.

Teerã se compromete a permitir a inspeção das instalações nucleares por monitores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Em troca, os países retirarão sanções econômicas e políticas ao país.

Nesta quarta, o secretário de Estado americano, John Kerry, voltou a defender o acordo nuclear. Para ele, todos os objetivos programados serão cumpridos, incluindo evitar que a República Islâmica tenha uma bomba atômica.

"É difícil imaginar um golpe mais rápido ou mais autodestrutivo para a credibilidade da nossa nação e da nossa liderança não só a respeito deste assunto, mas também economicamente, politicamente, militarmente e até moralmente. Nós pagaríamos um preço incomensurável por esta reversão unilateral do acordo".

O discurso, feito na Pensilvânia, foi transmitido ao vivo no Irã. Antes, Kerry enviou uma carta ao Congresso dizendo que a segurança de Israel é sacrossanta e lembrou o envio de bilhões de dólares para a defesa do Estado judaico.


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