Folha de S. Paulo


Promotoria da Venezuela pede condenação de líder opositor preso

O Ministério Público da Venezuela pediu que o líder opositor Leopoldo López, preso há um ano sob pretexto de apoiar violentos protestos antigoverno, seja condenado pelos crimes de instigação pública (equivalente a incitação à violência), associação para delinquir (formação de quadrilha) e depredação de patrimônio.

Em requerimento formalizado na noite de segunda (31) para terça-feira (1º), o MP também pediu que quatro estudantes que participaram dos protestos contra o governo sejam condenados pelos mesmos crimes.

Jorge Silva - 12.fev.2014/Reuters
Leopoldo López participa de protesto contra Nicolás Maduro em fevereiro de 2014
Leopoldo López participa de protesto contra Nicolás Maduro em fevereiro de 2014

Um tribunal de Caracas deve emitir a sentença nos próximos dias. Especulações entre membros da oposição e jornalistas especializados em temas jurídicos variam entre 5 e 20 anos de cadeia. López poderá recorrer da sentença.

A defesa diz que as acusações são infundadas e que nenhuma prova se sustenta. Os advogados exigem que López, líder do partido Vontade Popular e tido como um dos mais radicais opositores, seja inocentado e libertado.

Mas, num país onde críticos dizem não haver separação entre Poderes, as chances de absolvição são vistas como quase nulas.

O argumento central da acusação é que López carrega responsabilidade pelas 43 mortes ocorridas durante os protestos no ano passado por ter lançado suposto apelo a simpatizantes para que semeassem o caos.

"O dirigente fez pronunciamentos através dos meios de comunicação e das redes sociais que claramente incitaram seus seguidores a causar violência nas ruas e a ignorar o governo nacional e as instituições do Estado", disse o MP em comunicado.

A Promotoria disse que o pedido de condenação se baseia no resultado de 70 audiências em tribunal e análise de 108 supostas provas, incluindo a opinião de um semiólogo que disse ter enxergado mensagens subliminares de apoio à violência em declarações públicas López.

O caso de López vem atraindo ampla atenção internacional.

A campanha pela libertação do político é liderada pela sua mulher, a ex-apresentadora de TV Lilian Tintori, que foi recebida nesta terça pelo secretário de Estado americano, John Kerry.


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