Folha de S. Paulo


OEA rejeita reunião de chanceleres para crise entre Colômbia e Venezuela

Colômbia e Venezuela travaram um duelo verbal nesta segunda (31) na OEA (Organização dos Estados Americanos) em torno da crise na fronteira entre os dois países.

O embate ocorreu em sessão extraordinária do Conselho Permanente do organismo, convocada pela Colômbia para protestar contra o fechamento da fronteira por ordem do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e contra o tratamento dado a mais de mil colombianos deportados da Venezuela.

"A Colômbia inteira está indignada e ultrajada", disse o embaixador da Colômbia na OEA, Andrés González Díaz.

Ele protestou contra a decisão de Caracas de marcar as casas dos colombianos da fronteira e insinuou uma comparação com perseguições raciais, afirmando que a ação lembra "episódios amargos da humanidade que não podem se repetir".

Segundo o embaixador, 1.088 colombianos foram deportados pela Venezuela, entre eles 244 crianças. Mais tarde, a ONU informou que cerca de 10 mil colombianos que moravam na Venezuela voltaram para o país, incluindo os deportados.

A Colômbia queria que a OEA convocasse uma reunião de chanceleres para debater a crise e envie uma missão à fronteira para avaliar de perto "a crise humanitária", mas a proposta não teve a maioria necessária e foi rejeitada. O Brasil se absteve.

O representante da Venezuela no organismo, Roy Chaderton, afirmou que o fechamento da fronteira e a deportação dos colombianos sem documentos foi uma decisão "soberana, democrática e com respaldo popular".

Segundo ele, Bogotá ignorou os alertas de Caracas de que tomaria medidas para reprimir o contrabando praticado por cidadãos colombianos.

Por sua vez, o embaixador do Brasil na OEA, José Luiz Machado e Costa, manifestou oposição a uma reunião no organismo para debater a crise. Ele afirmou que o Brasil prefere que os dois países negociem diretamente. Senão, o foro mais apropriado seria a Unasul (União de Nações Sul-Americanas).


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