Folha de S. Paulo


Ilha grega de Kos, no mar Egeu, não tem espaço para acolher imigrantes

À diferença de outros pontos de chegada de migrantes pelo mar Mediterrâneo na Europa, como a cidade de Catania, na Sicília, e a de Tarifa, na Espanha, o governo de Kos não tem um espaço físico para acolher quem chega na ilha de forma ilegal.

Pela legislação europeia, essas pessoas não podem ser presas, mas devem ser mantidas a um abrigo ou local com infraestrutura básica, como banheiros e colchões, enquanto cada caso é avaliado.

Caso o migrante cumpra com algum dos pré-requisitos para receber um visto de refugiado, ele recebe uma permissão para circular livremente pelo Espaço Schengen, a área de livre circulação da União Europeia, enquanto aguarda a decisão.

Se ele não se enquadrar na situação de refúgio ou em outras como o reagrupamento familiar, pode então ser enviado de volta.

Angelos Tzortzinis - 13.ago.2015/AFP
Imigrantes desembarcam de bote inflável ao chegar à ilha grega de Kos
Imigrantes desembarcam de bote inflável ao chegar à ilha grega de Kos

A maioria dos que chegam à ilha são cidadãos sírios, iranianos, iraquianos, paquistaneses e afegãos, de acordo com a chefe da Autoridade Portuária de Kos, Pekra Lieuzenaus.

De acordo com o Acnur (Alto Comissariado da ONU para Refugiados), cerca de 30% deles devem ter que retornar a seus países por não se enquadrarem no status de refugiado.

Em Tarifa, durante uma semana de chegadas massivas de migrantes africanos no ano passado, o governo local disponibilizou ginásios municipais, o que está sendo feito pelo governo alemão nos arredores de Berlim para receber solicitantes de refúgio que estão a caminho do país.

A ONU ofereceu montar toda a estrutura física do abrigo, incluindo banheiros e tendas de campanha.

A Prefeitura de Kos afirma que está estudando o pedido do Acnur, mas diz que o espaço solicitado pela agência é um sítio arqueológio e, por isso, não pode ser modificado.

Apesar da proximidade com a Turquia, o que faz de Kos ser um destino atrativo para migrantes que vêm daquele país, a situação é nova para a ilha.

Isso porque, até o ano passado, o governo grego, então nas mãos dos conservadores, ordenava que policiais da ilha devolvessem no ato à Turquia pessoas que entravam ilegalmente em águas do país, segundo informaram policiais da ilha à reportagem.

O governo local disse não ter conhecimento desses episódios, que ferem as normas da União Europeia.


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