Folha de S. Paulo


Pivô de saia-justa diplomática, senador boliviano ganha status de refugiado

Quase dois anos após solicitar refúgio no Brasil, o senador boliviano Roger Pinto Molina, pivô de um imbróglio diplomático que levou à queda, em 2013, do então chanceler Antonio Patriota, recebeu finalmente o status de refugiado na última semana.

Sem dizer o resultado, o Ministério da Justiça, que responde pelo Comitê Nacional para Refugiados (Conare), afirmou que o órgão colegiado tomou a decisão sobre Molina e o notificaria da decisão em breve. A Folha confirmou que o pedido foi aprovado.

Pedro Ladeira/Folhapress
O senador da Bolívia Roger Pinto Molina, em fotografia de agosto de 2013, em Brasília
O senador da Bolívia Roger Pinto Molina, em fotografia de agosto de 2013, em Brasília

O senador estava com um refúgio provisório desde setembro de 2013, que tinha que ser renovado a cada 180 dias.

Molina, senador de oposição a Evo Morales, havia pedido asilo na embaixada brasileira em La Paz em maio de 2012. Ele viveu por 15 meses em uma pequena sala da representação.

FUGA

Sem nenhuma decisão do governo brasileiro sobre a situação do senador e diante do agravamento de sua condição de saúde, o então encarregado de negócios da embaixada, Eduardo Saboia, fugiu de carro com Molina para o Brasil em agosto de 2013.

A viagem de 22 horas gerou uma crise na diplomacia e diversos desdobramentos: Antonio Patriota deixou o cargo de chanceler, o então embaixador em La Paz, Marcel Biato, perdeu a indicação para assumir a representação na Suécia e Saboia passou a ser alvo de uma investigação interna no Itamaraty.

Para assumir a representação em La Paz, que está sem embaixador desde então, o Planalto indicou o nome de Raymundo Santos Rocha Magno, que será sabatinado pela Comissão de Relações Exteriores do Senado no dia 3 de setembro.


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