Folha de S. Paulo


Menina de 11 anos estuprada pelo padrasto dá à luz no Paraguai

Uma menina paraguaia de 11 anos, cuja gravidez resultou de um estupro cometido por seu padrasto, deu à luz nesta quinta-feira (13), informou à AFP a médica que acompanhou a gravidez.

O caso causou comoção em abril, quando as autoridades rejeitaram a possibilidade de a menina fazer um aborto.

A menina, que ficou grávida quando tinha 10 anos e que completou 11 em maio, teve uma bebê de 3,5 quilos chamada Milagros em um hospital da capital do Paraguai, onde se recupera "de forma normal", afirmou a médica Dolores Castellanos.

Norberto Duarte/AFP
Gilberto Zárate, acusado de estuprar enteada, é preso em 9 de maio deste ano em Assunção
Gilberto Zárate, acusado de estuprar enteada, é preso em 9 de maio deste ano em Assunção

A mãe, de 1,39 metro de altura, pesava 34 kg no início da gestação e teve 37 semanas de gravidez. Ela ficará 72 horas em observação, afirmou Castellanos, chefe da Área de Infância e Adolescência do hospital da Cruz Vermelha de Assunção, onde deu à luz por meio de cesárea.

Mario Villalba, diretor do hospital, explicou à imprensa que o parto "foi como qualquer outra cesárea, sem complicações, mas com a diferença de idade".

"A recuperação é como em qualquer outra cirurgia. Depois veremos como ela se comporta como mãe", completou, ao ser questionado sobre se a menina poderá amamentar.

O padrasto da menina, Gilberto Zárate (42), foi preso na penitenciária de Tacumbú em maio, submetido a processo pelo crime de estupro, que contempla de 12 a 15 anos de prisão.

A mãe da menor também foi detida e acusada por "omissão do dever de cuidado", embora tenham lhe concedido liberdade ambulatorial para acompanhar sua filha durante a gravidez.

O caso dessa menina causou comoção para além do Paraguai. Especialistas da ONU afirmaram em maio que o governo paraguaio não atuou com a devida diligência para "assegurar o interesse superior da menina antes de descartar tratamentos para salvar a vida dela, inclusive o aborto".

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) manifestou sua preocupação pela desproteção das meninas paraguaias que sofrem abusos sexuais.

Editoria de Arte/Folhapress
Aborto na América Latina
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