Folha de S. Paulo


Kirchnerismo encolhe em primárias para a Presidência na Argentina

O kirchnerismo chega aos momentos finais do mandato de Cristina Kirchner em processo de encolhimento.

As eleições primárias na Argentina, realizadas neste domingo (9), indicam que o candidato que representa "o projeto" –como os kirchneristas se referem ao governo– obteve menos votos do que recebeu Cristina Kirchner em sua reeleição, em 2011.

Martin Acosta/Reuters
O governador de Buenos Aires, Daniel Scioli, vota em Buenos Aires durante as primárias, neste domingo
O governador de Buenos Aires, Daniel Scioli, vota em Buenos Aires durante as primárias, neste domingo

Segundo os primeiros resultados oficiais, Daniel Scioli, candidato de Cristina nestas eleições, saiu na frente nesta primeira etapa eleitoral. Mas marcou 38,41% dos votos. Na mesma etapa em 2011, Cristina superava 50%.

A votação na Argentina é feita em cédulas de papel e até 14h35 desta segunda (10), 97,84% dos votos haviam sido apurados.

O resultado indica que a sucessão presidencial, cujo primeiro turno da eleição ocorrerá em 25 de outubro, será acirrada. Até agora, analistas esperam que a disputa vá para o segundo turno, algo inédito no país.

Eleições na Argentina

Neste domingo (9), os argentinos foram às urnas para escolher quem serão os candidatos que se enfrentarão.

Com cerca de oito pontos percentuais atrás de Scioli, apareceu a aliança opositora Cambiemos (Mudemos, em português), que somou 30,07% dos votos. O resultado confirmou Mauricio Macri (PRO) como o candidato desse grupo.

Em discurso na noite deste domingo (9), Macri lançou o slogan "unidos somos mais", sugerindo a aglutinação da oposição contra o governo.

"Esta noite consolidou uma alternativa na Argentina. Cambiemos é mais do que um acordo entre três partidos, representa uma nova visão de país", afirmou.

A força liderada por Macri, porém, veio mais fraca do que o previsto nas pesquisas, que indicavam uma diferença menor entre o opositor e o candidato da situação. Isso porque a terceira força política, encabeçada por Sergio Massa, teve mais votos que o esperado: somou 20,63%.

Massa indicou que forçará uma "despolarização" da eleição e que avançará sobre Macri. "Quero convocar todos os líderes de oposição que contemos aos argentinos o que pretendemos mudar e como vamos promover essas mudanças", disse Massa.

Já Scioli defendeu a continuidade: "Esse resultado mostra que há clara vontade de seguir adiante".

O dia de votação foi de chuva na província de Buenos Aires, o que afetou o comparecimento às urnas. Algumas cidades estão alagadas desde a sexta-feira (7). Dados preliminares indicam que o comparecimento foi de 72%, inferior ao verificado em 2011 (79%).

Isso também dificultou a apuração dos votos no maior colégio eleitoral do país. No início da madrugada, apenas 7,84% dos votos da região haviam sido computados. Governistas ficaram preocupados com o efeito das chuvas para seus candidatos, uma vez que a região é governada por Daniel Scioli e majoritariamente peronista.

Walter Diaz/AFP
A quatro meses do fim do mandato, a presidente Cristina Kirchner vota para sua sucessão na Argentina
A quatro meses do fim do mandato, a presidente Cristina Kirchner vota para sua sucessão na Argentina

A presidente Cristina Kirchner votou em Río Gallegos, capital da província de Santa Cruz, onde seu filho, Máximo, concorre a deputado nacional. Ela defendeu sua gestão e afirmou que, diferentemente das votações presidenciais anteriores, os argentinos chegam às eleições desta vez "com tranquilidade", economia em ordem e sem crise.

"Isso é inédito, ainda mais em um momento em que o mundo vive uma situação tão complexa, com outros países da região passando por momentos difíceis", declarou Cristina, aparentemente referindo-se à turbulência no Brasil.


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