Folha de S. Paulo


Oposição britânica quer que França pague indenização pelo caos em Calais

Philippe Huguen/AFP
Policial francês filma imigrantes que tentam entrar no país pelo Eurotúnel, em Coquelles, perto de Calais
Policial francês filma imigrantes que tentam entrar no país pelo Eurotúnel, em Coquelles, perto de Calais

A líder interina do Partido Trabalhista britânico, Harriet Harman, pediu ao primeiro-ministro, David Cameron, que exija à França uma compensação pelo caos no porto francês de Calais, que está afetando a economia britânica.

Em carta divulgada neste sábado, Harman insiste que o chefe do governo exija indenizações para os caminhoneiros, empresas e veranistas britânicos que foram prejudicados pelos atrasos e interrupções no Eurotúnel.

A situação de crise em Calais, onde fica o túnel que liga França e Inglaterra por baixo do Canal da Mancha, deriva das tentativas diárias de centenas de imigrantes de se infiltrar nessa instalação com o objetivo de chegar ao Reino Unido.

"Não é certo que as empresas e as famílias britânicas tenham que enfrentar esses custos pelas falhas de segurança na fronteira da França", escreve a trabalhista.

Harman diz a Cameron que, em suas conversas com o presidente francês, François Hollande, incluirá "um pedido de indenização apoiado por toda a pressão diplomática que for necessária", com uma "compensação deve cobrir todas as perdas", especifica.

A deputada também critica a gestão do primeiro-ministro conservador, sobre a qual diz que não viu "nenhuma solução séria para a crise", pois não se iniciaram gestões diplomáticas para pressionar o governo francês a fim de realizar as solicitações de asilo dos imigrantes.

Em vez disso, acrescenta, Cameron se dedicou a "inflamar a situação com linguagem incendiária e divisória, que só servirá para fazer o problema aumentar".

Há poucos dias, o Cameron causou polêmica ao descrever como "praga" os imigrantes que tentam chegar à Inglaterra.

Cerca de 3,5 mil imigrantes ilegais, que se alojam em um acampamento provisório em Calais, tentaram se infiltrar no Eurotúnel nesta semana para atravessar a fronteira e chegar ao território britânico, sendo que pelo menos nove morreram na mesma tentativa ao longo dos últimos dois meses.

As interrupções e atrasos que isso provoca afetaram os caminhões que transportam mercadorias entre o Reino Unido e a Europa continental e aos turistas que saem de férias, enquanto algumas empresas do sul da Inglaterra também foram prejudicados.

O condado mais desfavorecido é o de Kent, onde fica o terminal inglês do Eurotúnel, que teve que iniciar uma operação especial para que os caminhões afetados possam estacionar na estrada.

Cameron e Hollande conversaram na sexta-feira (31) por telefone sobre a crise e acordaram seguir trabalhando para abordar a imigração ilegal, segundo um comunicado.

O primeiro-ministro anunciou na sexta que o Reino Unido enviará "mais cães adestrados, mais cercas e mais assistência" para reforçar a segurança em Calais, o que se soma aos 120 policiais adicionais enviados pelo governo francês.


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