Folha de S. Paulo


Turquia realiza primeiros ataques aéreos contra Estado Islâmico na Síria

A Turquia bombardeou nesta sexta-feira (24) alvos da facção terrorista Estado Islâmico (EI) na Síria, no primeiro ataque aéreo do país no conflito e que marca uma mudança na posição de Ancara.

A operação, que acontece um dia depois de a Turquia aderir à coalizão liderada pelos EUA contra o EI, seria uma retaliação a um ataque dos extremistas que matou um soldado e deixou outros dois feridos em um posto de fronteira na quinta (23), segundo a o jornal local "Hürriyet".

Bulent Kilic/AFP
Militares levam o caixão do soldado Mehmet Yavuz, morto durante ataque do EI na fronteira com a Síria
Militares levam o caixão do soldado Mehmet Yavuz, morto durante ataque do EI na fronteira com a Síria

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, confirmou, em entrevista a meios locais, a entrada do país na coalizão e disse que os bombardeios são o "primeiro passo" na ofensiva contra a milícia.

Erdogan acrescentou que a ação turca será não apenas contra o EI, mas também contra militantes do grupo separatista PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão).

"Em nosso telefonema com Obama [na última quarta, 22], reiteramos nossa determinação na luta contra a organização separatista [PKK] e o Estado Islâmico", disse.

A Turquia vinha se recusando a atacar a facção alegando que isso ampliaria o risco de ataques em seu território e para não fortalecer os adversários curdos, que também enfrentam o EI.

Na ação desta sexta, caças F-16 partiram da base de Diyarbakir, no sudeste do país, e dispararam bombas contra dois centros de comando e um ponto de encontro dos extremistas do lado sírio da fronteira, perto da cidade turca de Kilis.

Mapa da Turquia

Em terra, soldados turcos entraram em confronto com extremistas na fronteira. O enfrentamento deixou cinco mortos, segundo o governo.

Horas depois dos primeiros ataques, aviões turcos realizaram novos bombardeios em território sírio e também atingiram acampamentos do PKK no norte do Iraque, segundo a imprensa local. Não há informações confiáveis sobre o número de mortos nas operações aéreas.

Além da ação direta das forças turcas, Ancara confirmou, na sexta, ter dado outro passo crucial no combate ao EI: permitiu o uso de suas bases aéreas por aviões da coalizão –que antes partiam do golfo Pérsico– para bombardear a milícia nos países vizinhos.

Até então, apenas drones usados na ofensiva contra o EI podiam utilizar as pistas de pouso turcas em bases como as de Incirlik, Diyarbakir e Batman, no sul do país, próximas à fronteira com a Síria.

PRISÕES

Ainda na sexta, a polícia turca prendeu 251 pessoas suspeitas de associação com o terrorismo em todo o país. Dentre elas, estão supostos militantes do EI, de grupos curdos e de extrema esquerda.

Em uma das operações, em Istambul, policiais mataram uma militante da Frente Revolucionária de Libertação do Povo, grupo marxista autor de atentados na Turquia.

A operação antiterrorismo na Turquia ocorre quatro dias após um atentado contra ativistas curdos matar 32 pessoas e ferir centenas em Suruç, na fronteira síria.

A explosão atingiu um evento destinado a arrecadar fundos para a reconstrução de Kobani, cidade síria de maioria curda que é alvo do EI desde setembro. A milícia radical reivindicou o atentado.

Na terça (21), o PKK matou dois policiais turcos acusados pelos curdos de facilitar a entrada dos extremistas que cometeram o atentado.

Ozan Kose/AFP
Policiais levam suspeito de associação ao EI durante operação contra terrorismo em Istambul
Policiais levam suspeito de associação ao EI durante operação contra terrorismo em Istambul

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