Folha de S. Paulo


Havana celebra reabertura de embaixada dos EUA em evento privado

Eram pouco mais de 8h da manhã desta segunda-feira, 20, quando turistas americanos começaram a se aglomerar em frente à seção de interesses dos EUA em Havana na esperança de acompanhar de perto a transformação da representação em embaixada.

Não houve celebração oficial nem hasteamento da bandeira, apenas uma cerimônia reservada a funcionários e familiares. Os atos simbólicos ocorrerão na presença do secretário de Estado americano, John Kerry, em 14 de agosto.

Isso não impediu cerca de 40 turistas dos EUA de passarem a maior parte do dia, sob sol de 33 graus Celsius, na praça em frente à embaixada.

A californiana Lisa Fragoso, que está em Cuba num intercâmbio estudantil, quis ser uma das primeiras americanas a se registrar na embaixada, procedimento pelo qual cidadãos de passagem comunicam sua presença à representação. "Estou tão contente de estar aqui neste dia", disse, carregando uma bandeira americana, antes de entrar no edifício.

Funcionários distribuíram adesivos e broches com as cores da bandeira dos EUA. Também foram entregues, como lembrança, folhas de papel timbrado com a inscrição "Seção de Interesses Americanos", substituídas por "Embaixada dos EUA".

Americanos são impedidos pela lei de seu país de visitar Cuba como turistas. Mas dezenas de milhares o fazem a cada ano recorrendo a uma das 12 justificativas legais, que incluem razões culturais, esportivas ou acadêmicas.

Cuba

"A mudança nas relações é boa, mas espero que nunca haja invasão de Starbucks e McDonald's", diz a nova-iorquina Sandie Butler, 64, integrante de uma ONG dedicada ao intercâmbio artístico.

Um médico californiano que não quis dizer o nome tirou fotos com o filho na frente da embaixada, mas admitiu não ter gostado de Cuba.

"Falta infraestrutura e comércio", resmungou, antes de lançar um alerta. "Embaixadas só servem para espionar a população. Os cubanos não têm razão para festa".

Dezenas de cubanos, entre os quais agentes à paisana, também passaram parte do dia em frente à embaixada.

O agricultor Rodovaldo Rodriguez Hernandez, 46, não se arrependeu de ir do interior até Havana. "Gosto de ver a história acontecendo. Hoje arrancamos rumo à prosperidade", vibrou, de camiseta com a bandeira dos EUA.

A dona de casa Yudien Perez, 42, tinha outra prioridade. "Há boatos de que a embaixada vai contratar gente, eu preciso de emprego, nem que seja lavar o chão."


Endereço da página:

Links no texto: