Folha de S. Paulo


Anúncio de acordo nuclear é apagado de Twitter do presidente do Irã

Uma mensagem no Twitter do presidente do Irã, Hasan Rowhani, nesta segunda-feira (13) anunciava que o país havia chegado a acordo com as potências sobre o programa nuclear. O tuíte, porém, foi apagado minutos depois.

A confusão com as mensagens acontece no dia em que estava previsto o fim das negociações da República Islâmica com os países do grupo 5+1 –Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia, China e Alemanha.

Até o momento, no entanto, não houve nenhum anúncio oficial. A expectativa é de um novo adiamento, diante do impasse entre as duas partes sobre a retirada de sanções e as inspeções às instalações nucleares.

Na primeira publicada às 13h07 em Brasília, Rowhani disse: "#IranDeal [#AcordoIrã, em inglês] é uma vitória da diplomacia e do respeito mútuo sobre um paradigma obsoleto de exclusão e coerção. E este é um bom começo."

Rowhani

Às 14h03, houve uma nova postagem, amenizando o texto original. "Se #IranDeal, será uma vitória da diplomacia e do respeito mútuo sobre um paradigma obsoleto de exclusão e coerção. E este será um bom começo."

Rowhani 2

As autoridades iranianas não se manifestaram depois da repercussão da mensagem. A previsão é que o diálogo se encerrasse à meia-noite (19h em Brasília) em Viena, onde acontece a reunião.

Nesta segunda, o ministro das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, disse que não deveria haver um novo adiamento nas negociações e pediu esforço máximo aos diplomatas participantes para tentar concluir o acordo antes do fim do prazo.

Horas depois, no entanto, a emissora estatal iraniana Press TV divulgou uma nota atribuída ao chanceler que não seria possível chegar ao pacto nesta segunda e que as negociações se estenderiam até terça. Nem o próprio Zarif nem as outras delegações confirmaram a informação.

Os Estados Unidos, porém, já trabalham com a hipótese de um novo adiamento. O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse que ainda persistem pontos de discordância entre a República Islâmica e as potências.

De acordo com Earnest, o acordo nuclear provisório, em vigor desde novembro de 2013, poderá ser novamente estendido em caso de continuidade nas negociações.

O Irã e as potências tinham fixado 30 de junho como primeiro prazo para a conclusão do acordo, mas divergências fizeram com que os países prorrogassem as negociações por mais uma semana.

Pelo plano de ação divulgado, Teerã se comprometia a reduzir o enriquecimento de urânio até o padrão suficiente para a produção de energia elétrica e fecharia cinco das seis instalações nucleares do país.

Com isso, receberia em troca o alívio das sanções econômicas e políticas colocadas por Estados Unidos, União Europeia e a ONU.

ARMAS

Segundo diplomatas que participam do diálogo, o principal motivo de discórdia entre iranianos e as potências é o fim ao embargo da ONU (Organização das Nações Unidas) a compra e venda de armas.

A delegação de Teerã diz que não há motivo para que se relacione a compra de armas ao programa nuclear e as considera um direito. Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha se opõem à retirada das restrições.

Para os quatro países, as armas poderiam ser usadas para atacar Israel e fomentar partes em conflito em países do Oriente Médio, como o regime sírio, as milícias xiitas no Iraque e os houthis no Iêmen.

Por outro lado, Rússia e China querem que as restrições sejam levantadas. Os dois países seriam os principais beneficiados pelas compras de armamento feitas pelo Irã caso o embargo fosse retirado.

ESBOÇO

Na noite desta segunda (13), um diplomata envolvido nas negociações disse à agência de notícias Reuters, sob anonimato, que o esboço do acordo prevê o acesso de inspetores das Nações Unidas a todas as instalações atômicas do Irã, incluindo as militares –medida à qual os iranianos vêm resistindo.

O acesso dos inspetores da ONU, disse o diplomata, seria decidido após consultas entre o Irã e as seis potências.


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