Folha de S. Paulo


Veja seis fugas de prisão dignas de cinema

O narcotraficante mexicano Joaquín "El Chapo" Guzmán, líder do poderoso cartel de Sinaloa, escapou neste domingo (12) de uma penitenciária de segurança máxima por um túnel de 1.500 metros, equipado com ventilação e iluminação.

As autoridades encontraram até mesmo uma motocicleta adaptada sobre trilhos que teria servido para transportar as ferramentas e máquinas necessárias para as obras de escavação, assim como para retirar a terra.

Veja outras fugas de prisioneiros dignas de virar filme de Hollywood:

PÁ DE COLHER

Uma ilha no meio da baía de San Francisco, na costa oeste dos EUA, deveria abrigar "A Rocha", uma prisão da qual fosse impossível de escapar. Cercada por água gelada com fortes correntes marítimas, a prisão de Alcatraz manteve 450 criminosos, incluindo Al Capone. Ao longo de sua história, 36 prisioneiros tentaram escapar, mas apenas três conseguiram.

Durante sete meses, os irmãos John e Clarence Anglin, Frank Morris e Allen West cavaram a parede de suas celas com colheres para acessar os dutos de ventilação que levavam ao teto. Para cortar a barra de proteção, usaram uma furadeira improvisada com as peças de de um ventilador roubado da sala de música. Já para encobrir o som da escavação, aproveitavam os acordeões que os presos tocavam em horários liberados para música.

No último minuto, West desistiu da fuga e nem saiu da cela. Os outros três chegaram ao telhado e desceram pela tubulação de água externa. Após pular a cerca de arame farpado, chegaram ao mar e, com botes e coletes improvisados com capas de chuva, encararam as águas da baía.

Para despistar os guardas durante a contagem dos presos, eles fizeram cabeças com papel e peruca com cabelos recolhidos do local onde os presos cortavam o cabelo. O destino dos prisioneiros é desconhecido até hoje. Muitos acham que eles não sobreviveram à travessia até San Francisco, mas seus corpos nunca foram achados. Restaram as cabeças de papel, que hoje são uma das principais atrações do museu no qual se transformou a prisão de Alcatraz, fechada em 1963, por conta de seu alto custo de manutenção. A fuga inspirou diversos filmes e até mesmo uma série de TV americana.

UMA, DUAS, TRÊS

O francês Pascal Payet ficou mais famoso por três, sim, três, fugas da prisão do que pelos crimes que o levaram à cela. Em 1988, ele foi condenado por agressão e, em 1993, por conspiração. Em 1997, ele participou do ataque a um carro blindado do Banque de France, que deixou um guarda morto. Em janeiro de 1999, ele foi preso em Paris. Em 12 de outubro de 2001, ele fugiu de uma prisão na vila de Luynes, na França, a bordo de um helicóptero roubado.

Em 14 de abril de 2003, Payet organizou uma segunda fuga de helicóptero, desta vez para seus colegas de crime Franck Perletto, Michel Valero, e Éric Alboreo, que estavam na prisão de Luynes. Os quatro foram recapturados três semanas depois.

Com seu histórico de fugas, ele não ficava em um mesmo presídio por mais de seis meses e sempre ficava na solitária.

Mesmo assim, em 14 de julho de 2007, quatro homens mascarados aproveitaram as celebrações do Dia da Bastilha na França para roubar um helicóptero e sequestrar seu piloto no aeroporto de Cannes. Com a aeronave, libertaram Payet da cela em que estava em uma prisão em Grasse. O piloto foi liberado após aterrissarem em Brignoles, na costa francesa.

Payet foi capturado em 21 de setembro de 2007, na cidade de Mataró, um subúrbio ao norte de Barcelona (Espanha). Ele foi transferido para a França para uma prisão não identificada, por "motivos de segurança".

MADE IN BRAZIL

Payet não foi o primeiro a fugir em grande estilo da prisão. Em janeiro de 1986, o traficante José dos Reis Encina, conhecido como Escadinha, usou uma aeronave para escapar do Instituto Penal Cândido Mendes, na Ilha Grande, no Rio.

Ele aproveitou o momento de visita de familiares aos detentos, em que o pátio fica lotado. Um helicóptero pousou e decolou tão rapidamente que não houve tempo dos agentes penitenciários reagirem. O piloto da aeronave era Marcos Gonçalves Maia, na época com 21 anos, que disse à polícia ter sido ameaçado por um cúmplice de Escadinha com uma metralhadora para auxiliar no plano. Segundo a polícia, a fuga foi organizada pela facção de Escadinha, que levou três meses planejando tudo.

Escadinha foi preso novamente quatro anos depois.

FUGA EM MASSA

Quando um prisioneiro foge, já é ruim. Imagine 900! Em 2008, a prisão de segurança máxima Sarposa, em Candahar, no Afeganistão, com capacidade para 1200 detentos, viu 900 deles saírem correndo após militantes do grupo radical islâmico Taleban explodirem as grades.

Apenas três anos depois, Sarposa voltou às páginas dos jornais quando 475 prisioneiros, a maioria ligada à milícia, fugiram da prisão. Desta vez, a saída foi mais "discreta", por um túnel de 320 m cavado ao longo de cinco meses, que passou por postos de controle, torres de vigilância e muros de arame farpado.

A fuga foi descoberta às 4h, meia hora após todos os prisioneiros chegarem ao abrigo do outro lado da passagem, mas apenas algumas dezenas foram recapturados. Especula-se que os prisioneiros tiveram ajuda dos guardas.

SAIU ATIRANDO

Localizada em um antigo campo da Força Aérea britânica a cerca de 16 km a oeste de Belfast, na Irlanda do Norte, o Labirinto foi aberto em 1971 e abrigou centenas de paramilitares do grupo católico separatista Exército Republicano Irlandês (IRA).

Apesar de ser um presídio de segurança máxima, o Labirinto passou por várias tentativas de fuga. A mais emblemática delas foi a escapada de 38 prisioneiros do IRA, em 1983.

Liderados por Bobby Storey e Gerry Kelly, o grupo conseguiu contrabandear armas para dentro da prisão e, após matar um guarda e ferir vários outros, dominar o bloco H-7. Em seguida, eles dominaram os passageiros de uma van que entregava comida no presídio e usaram o veículo para escapar.

Mas diferentemente da fuga de Alcatraz, 19 dos prisioneiros foram recapturados.

BILHETINHO

Um túnel parece ser a escolha número 1 de quem quer fugir da prisão. Em 6 de junho passado, dois americanos condenados por assassinato perfurarem as paredes de suas celas e depois abriram um buraco em uma tubulação para poder escapar da principal prisão de segurança máxima do Estado de Nova York.

Reuters
Imagem cedida pelas autoridades de Nova York mostra bilhete deixado por detentos com a mensagem "Tenha um bom dia"
Imagem cedida pelas autoridades de NY mostra bilhete deixado por detentos: "Tenha um bom dia"

A fuga foi descoberta ao amanhecer durante a inspeção das celas dos presos. Richard Matt e David Sweat parecem não ter tido pressa, já que deixaram para trás uma nota em tom de deboche com a mensagem: "Tenham um bom dia".

Três semanas depois da fuga, Matt foi baleado e morto por policiais federais que faziam buscas na área rural de Malone, perto da fronteira com o Canadá. Sweat foi detido dois dias depois.

Com agências de notícias


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