Folha de S. Paulo


Encontro do papa com paraguaios que vivem fora do país expõe migração

Lideranças religiosas e paraguaios expatriados participaram de um encontro com o papa Francisco, neste sábado (11), para expor os problemas da migração dentro do continente sul-americano e a exclusão econômica dos imigrantes em países vizinhos.

Religiosos que trabalham em favelas argentinas, povoadas principalmente por paraguaios, foram até Assunção, no Paraguai, para levar algumas queixas ao papa. Segundo o último censo da Argentina, de 2010, três em cada dez estrangeiros que vivem no país são paraguaios.

Eles formam uma mão de obra que encontra emprego principalmente na construção civil e nos trabalhos domésticos. Porém, muitos trabalham informalmente, sofrem preconceitos e estão à margem da sociedade, denunciam os religiosos.

Liderança da pastoral paraguaia em Buenos Aires, o padre Juan Bravo, disse à Folha que queria abordar a realidade dos imigrantes no encontro com Francisco.

"O fluxo de paraguaios para a Argentina diminuiu um pouco mas ainda há muitos jovens que cruzam a fronteira atrás da promessa de prosperidade. E não há oportunidades para todos", afirma.

Quando ainda pregava na capital argentina, Jorge Bergoglio trabalhou com comunidades de imigrantes bolivianos e paraguaios, o que explica em parte o fluxo de visitantes da Argentina que foram ao Paraguai para ver Francisco. O governo argentino fala em uma saída de 1 milhão de pessoas neste fim de semana. Só da pastoral paraguaia de Buenos Aires saíram 1.000 fieis.

O padre Lorenzo de Vedia, conhecido como Toto, seguiu na última terça (7) com 180 moradores da favela Villa 21 - onde 75% da população são de origem paraguaia.

"Francisco é um papa 'villero' [das favelas], tem um carinho especial pelas pessoas que moram nas comunidades", disse ele, interessado em discutir propostas para a inclusão desses moradores.

Segundo o padre Bravo, um dos pedidos específicos levados a Francisco é para que ele interceda em defesa do voto de paraguaios que vivem no exterior.

Mesmo aprovado no congresso paraguaio e por um referendo, em 2010, o voto para todos os residentes no exterior não está completamente implementado, afirma o sacerdote. O assunto é especialmente relevante para um país que tem cerca de 10% de sua população vivendo no exterior.

"Essa população que vive fora é numerosa e pode ganhar relevância política. Por isso, os poderosos têm resistência em aceitar o seu voto", disse o padre Bravo.


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