Folha de S. Paulo


Na Bolívia, líder do MST diz que "eles têm Obama e nós temos Francisco"

"Assim como o capitalismo tem Obama, nós temos o papa Francisco". A frase é de João Pedro Stedile, líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), e foi dita a centenas de militantes de movimentos sociais de vários países que participarão de um encontro com o papa nesta quinta (9), em Santa Cruz de la Sierra.

Um dos coordenadores do encontro, Stedile se encarregou de dar algumas orientações aos participantes.

Em espanhol, pediu que não houvesse "provocações de nenhum tipo" e que os militantes não tentassem tirar fotos ou entregar presentes ao pontífice.

Fabiano Maisonnave/Folhapress
O líder do MST João Pedro Stedile fala em evento paralelo à visita do papa, em Santa Cruz (Bolívia)
O líder do MST João Pedro Stedile fala em evento paralelo à visita do papa, em Santa Cruz (Bolívia)

"Todos querem entregar um bilhete ou uma carta ao papa. A melhor maneira é falar diretamente com o Senhor, em oração", disse, em tom bem-humorado.

O encontro desta quinta foi articulado em outubro do ano passado, durante uma primeira reunião do papa com cerca de 150 líderes de movimentos sociais e com o presidente boliviano, Evo Morales, no Vaticano.

"Os capitalistas têm lá o G7 [grupo dos países mais ricos do planeta], o Obama, a [chanceler alemã,] Angela Merkel. Os trabalhadores têm quem? Chávez morreu, Fidel está doente. O Francisco tem assumido esse papel de liderança, graças a Deus. Ele tem acertado todas", disse Stedile à Folha.

CARAVANA

Para o encontro, vieram quatro ônibus do Brasil. Além dos sem-terra, havia militantes indígenas, quilombolas e do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM).

A viagem mais longa coube ao ônibus que partiu de Porto Alegre.

Foram 68 horas de trajeto, das quais cerca de 20 horas parados na aduana boliviana, que só funciona durante o dia.

Dois passageiros acabaram impedidos de continuar viagem por problemas de documentação.

Nos cerca de 655 km em território boliviano até Santa Cruz, o ônibus gaúcho foi parado e revistado cinco vezes, atrasando ainda mais a chegada, na madrugada desta quarta (8).

As demais comitivas brasileiras partiram de Brasília, São Paulo e do Paraná. Havia também ônibus do Paraguai, do Chile e da Argentina.

"Foi uma viagem com muitas descobertas", brincou a militante gaúcha Karina Rocha, do MNLM.


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