Folha de S. Paulo


Governo cria posto para embaixador vetado pelo Senado

Após ter seu nome para embaixador na OEA (Organização dos Estados Americanos) vetado por senadores em maio, numa decisão interpretada pelo governo como política, o diplomata Guilherme Patriota assumirá um posto recriado agora em Genebra.

Patriota, irmão do ex-chanceler Antonio Patriota, será o novo representante alterno do Brasil na ONU em Genebra. A missão segue tendo como primeira representante a embaixadora Regina Dunlop.

Essa foi uma opção para que Patriota assumisse um posto de embaixador sem precisar da aprovação do Senado –exigida se fosse chefiar qualquer embaixada ou missão.

Alessandro Dantas/Secom
Guilherme Patriota durante sabatina no Senado em maio, antes de ser rejeitado pelo plenário
Guilherme Patriota durante sabatina no Senado em maio, antes de ser rejeitado pelo plenário da Casa

A rejeição do diplomata pelos senadores –a primeira em 65 anos– foi considerada um recado de insatisfação à presidente Dilma Rousseff, pela proximidade de Patriota a ela e ao assessor da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia.

A função de representante alterno –que é o número dois da missão, mas com status de embaixador– havia sido extinta em Genebra em 2008, com a criação das delegações na OMC (Organização Mundial do Comércio) e na Conferência do Desarmamento.

Com a recriação do posto, esta última representação será reincorporada, em 2016, à missão na ONU. Com isso, será fechado o posto de embaixador na Conferência do Desarmamento.

O custo da reabertura do posto na missão da ONU em Genebra será apenas o referente ao salário e ao auxílio-moradia que serão pagos a Patriota, já que ele não terá –como parte de um plano de racionalização de gastos– residência oficial nem os benefícios de embaixador previstos anteriormente para representantes alternos.

Patriota era, desde 2013, representante alterno na ONU em Nova York –sendo o número dois de seu irmão– e morava em residência oficial.

O Itamaraty diz que a reabertura do posto "se ampara no volume crescente de trabalho da missão" em Genebra.

"O embaixador Patriota tem grande experiência em diplomacia multilateral e em ciência e tecnologia, temas da competência das duas missões [junto à ONU e à Conferência do Desarmamento]", disse o ministério em nota. O diplomata foi conselheiro em Genebra entre 2005 e 2008.

Procurado pela Folha, Patriota não quis comentar a nomeação.

Para a OEA, o Planalto indicou José Luiz Machado e Costa, que será sabatinado nesta quinta (9).


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