Folha de S. Paulo


Bolsistas falam de sua experiência nas melhores universidades americanas

"Grana" -esse é um dos maiores diferenciais da Universidade de Columbia (Nova York), para o bem e para o mal, diz Nicolle Konai, 26.

Konai formou-se no programa de duplo diploma de pós-graduação entre a instituição americana e a Universidade de Tóquio. "Eles financiam desde bolsa para você fazer estágio fora até projetos finais", diz ela, que teve uma viagem ao México paga por Columbia para concluir o trabalho final.

Por outro lado, ela teve que desembolsar cerca de US$ 25 mil (R$ 75 mil) para financiar o ano de estudos em Nova York -isso porque a outra metade foi coberta com bolsas da Fundação Estudar, da Universidade de Tóquio e de uma campanha de crowdfunding chamada "pague meu almoço em Columbia", que conseguiu arrecadar cerca de US$ 3.500 (R$ 10.500).

Danilo Verpa/Folhapress
Luiza Ribeiro em frente a Faculdade de Medicina da USP
Luiza Ribeiro em frente a Faculdade de Medicina da USP

Para ela, os custos são o lado perverso da "Ivy League", grupo de elite das universidades americanas que inclui Brown, Cornell, Dartmouth, Harvard, Pensilvânia, Princeton e Yale. Como a maioria das bolsas é concedida no segundo ano, com base no desempenho, há grande competitividade entre os alunos.

"O pessoal fica nessa pressão de que não vai conseguir pagar, que vai ter que fazer empréstimos", diz.

A estudante de medicina da USP Luiza Ribeiro, 29, não teve essa preocupação durante o ano que passou em Harvard, financiada pelo Ciência sem Fronteiras e uma bolsa do banco Santander.

"Achava que só gênio estudava lá, essa visão atrapalha o propósito da universidade. A idealização não faz bem nem para quem está dentro, nem para quem está fora", afirma.

Para Ribeiro, Harvard é "estranhamente" mais aberta que a USP, desde o campus, integrado à cidade, à atitude dos alunos em sala, que não têm medo de se manifestar. "Eu ouvia algumas perguntas que me deixavam com vergonha, [mas] lá não tem nenhum julgamento."

Outro diferencial das americanas em relação às brasileiras é o protagonismo do aluno em sua formação, diz André Melo, 20. "Para cada hora de aula, você estuda outras duas ou três sozinho."

Ele trocou o curso de direito na Universidade Federal do Acre por uma dupla graduação em economia e relações internacionais em Yale, com bolsa integral.

Yale tem o maior orçamento per capita entre as "ivies": R$ 66 bilhões para 14 mil estudantes. Na USP, brasileira melhor colocada nos rankings internacionais, são R$ 5 bilhões para 90 mil alunos.

Melo conta que no começo se sentiu intimidado, mas o "forte senso de comunidade" da instituição o fez superar a sensação.


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