Folha de S. Paulo


Brasileiro acumulou 39 fracassos antes de aplicativo de sucesso nos EUA

Dois anos de trabalho e 39 fracassos consecutivos foi o que a produtora brasileira de aplicativos Movile precisou para criar um produto de sucesso nos Estados Unidos.

A empresa começou a atuar no país em 2012, quando o gerente de inovação Eduardo Lins Henrique foi escalado para buscar oportunidades no Vale do Silício, região da Califórnia que concentra as maiores empresas de tecnologia do mundo.

"Cheguei lá com uma mão na frente e outra atrás, sem saber direito o que estava fazendo", conta. "Só sabia que queria aprender o que tinha naquele ar que gerava tantas empresas enormes.

Danilo Verpa/Folhapress
Eduardo Henrique, da Movile, falhou 39 vezes antes de lançar um aplicativo de sucesso nos EUA
Eduardo Henrique, da Movile, falhou 39 vezes antes de lançar um aplicativo de sucesso nos EUA

O primeiro lançamento foi um portal de vídeos voltado para latinos que, depois de quatro meses de trabalho, "falhou miseravelmente", descreve Lins.

Veio a primeira lição. "Os ciclos de desenvolvimento no Vale duram no máximo 15 dias", conta o executivo. "Quando percebemos isso, começamos a atirar para todos os lados. Em um ano e meio, criamos 40 produtos -39 deram errado".

O que deu certo foi o PlayKids, aplicativo de vídeos e jogos infantis que já foi baixado 11 milhões de vezes em 28 países e se tornou o app infantil mais rentável da loja virtual da Apple, superando concorrentes como Disney e Nickelodeon.

MIGRAÇÃO

O acerto fez a Movile mudar todo o seu modelo de negócios. Fundada na década de 1990 por alunos da Unicamp, a empresa se especializara em marketing por SMS, mercado que se enfraqueceu com a ascensão dos smartphones.

O sucesso do PlayKids foi determinante para que o grupo abandonasse a área e se concentrasse nos apps.

Hoje, a empresa também é dona do aplicativo de entrega de comida iFood, do site de avaliação de estabelecimentos Apontador e do sistema de venda de ingressos CinePapaya, entre outros. Tem escritório em seis países e emprega 700 funcionários.

Para Lins, a expansão global da empresa só foi possível pela ida ao Vale do Silício, que reúne dinheiro e "pessoas do mundo todo".

Para quem quiser se aventurar por lá, porém, ele recomenda prudência.

"Antes de se mudar, comece a frequentar o Vale, vá a feiras e eventos de grande empresas", aconselha.

"Quando se mudar, gaste pouco -eu fiquei com um estagiário em uma sala minúscula por um ano e meio. Se achar uma oportunidade, aí ponha todas as fichas."


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