Folha de S. Paulo


Estado Islâmico destrói estátua do século 1° a.C. em cidade da Síria

A milícia radical Estado Islâmico destruiu a famosa estátua do Leão de al-Lat ("deusa-mãe de Palmira"), que ficava na entrada do museu de Palmira, informou nesta quinta-feira (2) o diretor do Departamento de Antiguidades e Museus da Síria, Mamun Abdelkarim.

"É o mais grave dos crimes cometidos pelos militantes contra a cidade de Palmira", afirmou o diretor.

Mappo/Wikipedia
A estátua do Leão de al-Lat, que foi destruída pelo Estado Islâmico em Palmira, na Síria
A estátua do Leão de al-Lat, que foi destruída pelo Estado Islâmico em Palmira, na Síria

A estátua, uma peça única de três metros de altura e pesando 15 toneladas, foi destruída no sábado passado (27), disse Abdelkarim.

Esculpido em calcário no século 1º a.C., o Leão de al-Lat foi descoberto em 1977 por uma missão arqueológica polonesa no templo de Al-Lat.

"Nós a tínhamos coberto com uma chapa de ferro e a cercado com sacos de areia para protegê-la dos bombardeios, mas nunca imaginamos que o EI viria à cidade de Palmira para destruí-la", acrescentou o diretor.

Lar de antigas ruínas mundialmente famosas e declarada como patrimônio mundial pela Unesco (agência das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura), a cidade de Palmira foi tomada pelos militantes do EI no fim de maio deste ano. Mas o tráfico de objetos históricos da cidade começou antes da chegada do EI.

O Departamento de Antiguidades e Museus da Síria informou que já conseguiu recuperar 1.320 peças roubadas de Palmira.

Nesta quinta-feira, a diretora-geral da Unesco, a búlgara Irina Bokova, disse que militantes do EI estão saqueando sítios arqueológicos no Iraque e na Síria em "escala industrial" e vendendo os tesouros para intermediários para levantar fundos.

"No Iraque, um quinto dos cerca de 10 mil locais mundialmente reconhecidos esteve sob controle do EI e foi bastante saqueado. E não se sabe o que houve em milhares de outras áreas", disse Bokova, em Londres.

Segundo a diretora, alguns sítios históricos da Síria foram tão saqueados que já não têm nenhum valor para os historiadores e arqueólogos.

Bokova afirmou que a Unesco agora se preocupa também com o patrimônio da Líbia, onde o EI já assumiu a autoria de ataques terroristas recentes.


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