Folha de S. Paulo


França identifica principal suspeito de atentado a usina de gás

Um homem de 35 anos chamado Yassine Salhi é o principal suspeito do ataque terrorista na França nesta sexta-feira (26) que deixou um morto decapitado e dois feridos.

Segundo o governo francês, funcionário de uma empresa de entrega, Salhi conseguiu autorização para entrar de carro na área privada da empresa americana produtora de gás industrial Air Products, em Isère, sudeste da França.

Tentou explodir a área por volta das 9h50 (4h50, horário de Brasília). A única vítima, decapitada, seria o próprio chefe, um empresário de 50 anos, que estaria no carro com Salhi. No portão da empresa, foram deixadas uma cabeça e uma bandeira com inscrições em árabe. O suspeito foi capturado por um bombeiro.

De acordo com o jornal francês "Le Figaro", foi o primeiro episódio de decapitação –prática adotada frequentemente pelo Estado Islâmico– em um ataque terrorista na França. Até as 14h desta sexta (26), porém, não havia evidência de envolvimento do EI no ataque.

O ministro do Interior da França, Bernard Cazeneuve, informou que Salhi foi investigado entre 2006 e 2008 por causa de radicalização religiosa e ligações com grupos conservadores muçulmanos salafistas. Ele deixou de ser monitorado, de acordo com o governo, por falta de indícios de vínculo com células terroristas.

Assim como Yassine Salhi, os irmãos Chérif e Said Kouachi, autores do ataque que deixou nove mortos na sede do jornal francês "Charlie Hebdo", também eram conhecidos das autoridades francesas.

Segundo o jornal local "L'Est Républicain", Salhi nasceu em Pontarlier, cidade próxima à fronteira com a Suíça, e teria se mudado havia poucos meses para Saint-Priest, subúrbio de Lyon, região do ataque desta sexta.

O jornal levanta a hipótese de ele ter sido radicalizado por um homem que comandava uma mesquita em Pontarlier e suspeito de envolvimento com o extremismo.

MULHER SURPRESA

Após o ataque, o presidente da França, François Hollande, cancelou participação numa cúpula da União Europeia em Bruxelas e retornou imediatamente à França.

Ele declarou que havia certeza de que foi um ato terrorista. "Não há dúvida de que a intenção era uma explosão", disse o presidente francês, decretando alerta máximo na região.

O Ministério Público francês abriu uma investigação focada em terrorismo para apurar o caso –quer saber, sobretudo, se Salhi tem ligações com organizações extremistas.

Outras pessoas foram detidas por suposta ligação com o ataque, segundo as autoridades, que não revelaram mais detalhes.

A rádio "Europe 1" fez uma entrevista com uma pessoa que disse ser a mulher do suspeito. Ela se mostrou surpresa e disse que o marido saiu para trabalhar às 7h para fazer entrega sem ter dado nenhuma indicação de que cometeria um ataque.

"Meu coração vai parar, não é possivel, é meu marido. Somos pessoas normais, ele vai trabalhar e volta", disse a mulher, que foi interrogada pela polícia. O casal, segundo a imprensa francesa, tem três filhos, entre seis e nove anos.

Atentado na França


Endereço da página:

Links no texto: