Folha de S. Paulo


Ataques das Farc deixam mais de 1 milhão de colombianos sem luz

Após as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) anunciarem a suspensão de seu cessar-fogo unilateral em 22 de maio, os guerrilheiros iniciaram uma ofensiva contra a infraestrutura no sudoeste do país, incluindo ataques contra a rede elétrica e derramamentos de petróleo que afetaram mais de 1 milhão de colombianos, informou o jornal colombiano "El Tiempo".

Devido a atentados contra torres de energia, ficaram sem luz 400 mil pessoas na cidade de Buenaventura, 250 mil na cidade de Tumaco e 457 mil no Departamento de Caquetá, informou o jornal "El Tiempo".

Christian Escobar Mora - 22.mai.15/Efe
Soldado colombiano carrega bagagem no suoeste do país, área de ataques das Farc
Soldado colombiano carrega bagagem no suoeste do país, área de ataques das Farc

Segundo a Câmara de Comércio de Caquetá, os ataques da guerrilha provocaram um prejuízo estimado em 1,4 bilhão de pesos colombianos (cerca de R$ 1,7 milhão).

"A cidade funciona com 50% [de sua capacidade], porque todas as instituições dependem dos sistemas de informação e de internet para trabalhar", declarou ao "el Tiempo" Marcela Trujillo, gerente de uma unidade de saúde em Caquetá, que paralisou suas atividades após o apagão.

No Departamento de Puntamayo, guerrilheiros das Farc interceptaram caminhões que transportavam petróleo e forçaram seus motoristas a derramar 200 mil mil galões do produto na segunda-feira (8).

A ação afetou brejos e nascentes na região, prejudicando o abastecimento de água de cerca de 7.000 famílias, segundo o governo.

Segundo o ministro do Ambiente, Gabriel Vallejo, o ataque "causou danos muito delicados aos ecossistemas da região", que podem "demorar 15 anos para serem revertidos".

Apesar de se concentrar sobre setor energético da Colômbia, a ofensiva das Farc também inclui emboscadas e ataques contra as forças de segurança.

Nesta quinta (11), três policiais morreram e dois ficaram feridos no Departamento de Cauca devido a um ataque de guerrilheiros com explosivos e tiros de fuzil, informou o Exército.

O retorno das hostilidades entre as Farc e as forças de segurança deixou o Exército em alerta máximo. Cerca de 12 mil homens são responsáveis por vigiar a infraestrutura energética do país.

PROCESSO DE PAZ

Durante a cúpula entre a União Europeia e a Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribe) em Bruxelas, Bélgica, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, classificou as ações das Farc como "irracionais" e "terroristas".

"Uma das maiores vítimas da guerra em meu país é o meio ambiente", disse o mandatário. "E se [os guerrilheiros] pensam que é assim que se faz a paz, estão equivocados de cabo a rabo."

O fim do cessar-fogo unilateral das Farc e a retomada dos ataques do Exército contra a guerrilha ameaçam as negociações de paz que ocorrem desde 2012 em Havana, Cuba.

O conflito armado no país, que já dura mais de 50 anos, deixou mais de 220 mil mortos e 6 milhões de deslocados.


Endereço da página:

Links no texto: