Folha de S. Paulo


Bombas provocaram explosão em comício de partido curdo na Turquia

A polícia da Turquia informou neste sábado (6) que bombas de fabricação caseira provocaram a explosão que deixou dois mortos e 350 feridos no comício do Partido Democrático do Povo, em Diyarbakir, na sexta (5).

Segundo os agentes, os dois explosivos que foram detonados no evento na cidade de maioria curda foram feitos com cilindros de gás e incluíam uma bomba de destruição, uma bomba de estrondo, rolamentos metálicos e pedaços de metal.

A conclusão veio depois que os policiais encontraram alguns rolamentos e partes dos cilindros no local do evento. Na primeira versão, as autoridades haviam afirmado que a explosão tinha ocorrido em um transformador de energia.

As bombas explodiram pouco antes de o líder do partido, Selahattin Demirtas, começar seu discurso. Ele criticou a ação das forças de segurança que, depois do ataque, começaram a reprimir seus aliados.

"Enquanto tentávamos resgatar pessoas que tinham perdido as pernas, os pés, os braços, a polícia lançava gás lacrimogêneo", acusou Dermitas em reunião de seu partido em Istambul.

Os presentes vociferaram palavras de ordem contra o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, quando Demirtas lhes mostrou jornais que não noticiaram o atentado de ontem contra o comício do partido pró-curdo.

Erdogan, por sua vez, declarou neste sábado que o ataque não se dirigia contra um partido, mas contra a segurança das eleições, e disse que tinha tentado falar com Dermitas, mas que este não respondeu suas ligações.

"Ele não tem razão para me ligar. Ele nos colocou como alvo e nos jogou contra uma matilha de lobos. Se é o presidente de todo um país, venha e desculpe-se com o povo de Diyarbakir", criticou Dermitas.

O curdo Partido Democrático do Povo espera conseguir nas eleições de domingo (7) pelo menos 10% dos votos, o que lhe permitiria entrar no Parlamento.

Se conseguir, o governista partido AK (Partido da Justiça e do Desenvolvimento) poderia não obter a maioria de dois terços necessária para a reforma constitucional que planeja para transformar o sistema parlamentar da Turquia em uma república presidencialista.

Editoria de Arte/Folhapress

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