Folha de S. Paulo


Tribunal no Egito adia decisão sobre sentença de morte de Mursi

Um tribunal egípcio adiou, nesta terça-feira (2), a decisão final sobre a recomendação de sentença de morte contra o ex-presidente Mohamed Mursi e outros líderes da Irmandade Muçulmana. Ela só deve ser divulgada em 16 de junho.

Em 16 de maio, a corte pediu a pena de morte para Mursi depois que ele e os outros réus, incluindo o líder máximo da Irmandade, Mohamed Badie, foram condenados pela morte e sequestro de policiais, ataque a instalações policiais e fuga da prisão durante um levante contra o então presidente Hosni Mubarak, em 2011.

A decisão foi então encaminhada para a máxima autoridade religiosa do Egito, o grão-mufti, para um parecer de cumprimento não obrigatório.

Ueslei Marcelino - 8mai.2013/Reuters
O ex-presidente do Egito Mohammed Mursi, deposto em 2013, que teve a pena de morte pedida
O ex-presidente do Egito Mohammed Mursi, deposto em 2013, que teve a pena de morte pedida

Segundo o juiz Shaaban el-Shami, o tribunal recebeu o parecer do mufti na manhã de terça, mas precisa de tempo para debater a decisão final.

Mursi ainda poderá recorrer da sentença. Sua defesa alega que a corte não é legítima e que os processos judiciais contra o ex-presidente fazem parte de um golpe do ex-comandante militar e atual presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi.

PRISÃO

Dois líderes da Irmandade Muçulmana foram detidos nesta terça em Giza, no subúrbio do Cairo, como parte de uma ofensiva contra o grupo de Mursi, deposto em julho de 2013.

Mohammed Montassir, um porta-voz da Irmandade, descreveu as prisões do principal clérigo do grupo, Abdel-Rahman el-Bar, e do ex-porta-voz Mahmoud Ghozlan como uma "tentativa fracassada de acabar com os revolucionários por toda a nação."

A Irmandade tem sido acusada de orquestrar ataques contra policiais, juízes, militares e figuras públicas.

Depois de quase dois anos de perseguição constante por parte das autoridades, o grupo, que já foi o mais influente do país, tem sido afetado por profundas divisões internas. Uma nova geração de islamitas tem feito pressão para adotar táticas mais violentas e de confronto, enquanto a geração mais velha, pelo menos em anúncios oficiais, insiste em "meios pacíficos" de resistência.


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