Folha de S. Paulo


Veja antes e depois de migrantes resgatados de barco na Ásia

Buscando uma solução para a crise migratória agravada nas últimas semanas, os países do Sudeste Asiático vêm acolhendo temporariamente milhares de migrantes que estavam abandonados em embarcações à deriva.

Uma série de fotos divulgada nesta sexta-feira (29) permite comparar o estado físico de migrantes antes e após as operações de resgate.

Repórteres da agência de notícias France Presse localizaram migrantes da minoria muçulmana rohingya, originários de Bangladesh e Mianmar, em um campo de acolhimento na província de Aceh, na Indonésia.

Os migrantes estavam à deriva em um barco com mais de 350 pessoas abandonado por contrabandistas no mar de Andaman e foram resgatados no dia 20 por pescadores indonésios. Alguns deles haviam relatado ter chegado a beber sua própria urina para sobreviver.

A galeria de imagens abaixo mostra alguns desses migrantes em retratos do dia 14 de maio, quando ainda estavam à deriva, e em fotos do dia 28, após terem sido acolhidos pela Indonésia.

RESGATE

Nesta sexta-feira, a Marinha de Mianmar localizou uma embarcação com 727 pessoas à deriva nas águas do país, segundo informou o governo. Na semana passada, havia sido localizado um barco semelhante com 200 migrantes a bordo.

A maioria dos migrantes foi identificada pelas autoridades como sendo de Bangladesh. Os muçulmanos rohingya, que constituem grande parte dos migrantes abandonados em alto-mar, não têm cidadania reconhecida em Mianmar e são considerados imigrantes bengaleses pelo governo.

Os migrantes resgatados relataram às autoridades que estavam em alto-mar desde março e que pelo menos 50 pessoas morreram no barco desde então. Eles tinham como destino a Malásia, mas foram abandonados por contrabandistas de pessoas identificados como tailandeses.

O governo de Mianmar afirmou que buscará "repatriar as pessoas encontradas no barco para os seus países após investigação".

CÚPULA

O anúncio do resgate de migrantes em Mianmar foi feito enquanto representantes de 17 países se reuniam na Tailândia para debater a crise migratória na região. A conferência terminou sem nenhuma grande decisão, além do consenso de que mais conversas são necessárias.

Mianmar, de onde fogem pessoas da minoria muçulmana Rohingya perseguida, assumiu uma postura defensiva e criticou aqueles que culpam o país pela crise.
No início do encontro, o responsável por proteção aos imigrantes do alto comissariado da ONU para refugiados, Volker Turk, havia dito não haver solução para a crise se as causas não forem combatidas.

"Isso requererá total reconhecimento de responsabilidade de Mianmar em relação a sua população. A concessão de cidadania é o objetivo final", disse.

Htin Linn, o diretor interino do Ministério de Relações Exteriores de Mianmar, reagiu afirmando que Turk deveria ser "mais bem informado".

Mais de 4.000 migrantes foram resgatados nas últimas semanas por Indonésia, Malásia, Tailândia, Mianmar e Bangladesh. Acredita-se que outras 2.000 pessoas ainda estejam à deriva na região.


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