Folha de S. Paulo


Calor como o da Índia pode matar por falência de órgãos e por desidratação

A onda de calor que tem atingido a Índia, principalmente a região sul do país, já deixou quase 1.400 mortos nesta semana. A temperatura em certas áreas ultrapassou 47ºC.

Mas por que uma pessoa morre de calor?

O calor pode matar de duas formas: por meio da desidratação ou provocando estresse -e até mesmo a falência de alguns órgãos do corpo, como os rins e o coração.

Quase todas as reações químicas do organismo têm como efeito colateral a produção de calor, o que pode até ser desejável. Além disso, o corpo humano evoluiu muito bem para lidar com temperaturas baixas: nossa produção de calor é eficiente e há até um tipo de tecido adiposo, o marrom, especialista nessa tarefa.

No entanto, para lidar com o calor, nossa adaptação evolutiva não foi tão boa: o problema é que o recurso que temos para lidar com situações extremas é a produção de suor -já que só perder calor pela pele ou pela respiração não resolve mais o problema.

O suor, em contato com a superfície do corpo, absorve calor da pele e evapora, esfriando o organismo.

Mas, na verdade, esse estratégia é muito pouco eficiente e também provoca desidratação -sem água, que representa 70% do nosso organismo, o transporte de nutrientes, a função renal e até mesmo o movimento dos músculos (como o coração) é prejudicado.

Ainda mais grave é o fato de que, em uma condição atmosférica mais úmida, o aumento da temperatura corporal não é nem minimamente aliviado pela produção de suor, já que ele não evapora.

A partir dos 40ºC, há a desestruturação das proteínas, que não conseguem mais cumprir com suas funções, como promover a respiração ou mesmo manter a forma (e a função) de um órgãos como os rins.

O comprometimento pode ser tão grande a ponto de ser irreversível, e o organismo não conseguir mais se reparar (ou falir tentando se recompor).


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