Folha de S. Paulo


Após rejeição no Senado, Dilma ainda procura plano B para OEA

O Itamaraty está buscando nomes para chefiar a representação brasileira na OEA (Organização dos Estados Americanos), mas ainda não há prazo para apresentar um substituto do embaixador Guilherme Patriota.

Patriota teve seu nome rejeitado pelo plenário do Senado na última terça-feira (19) por 38 votos a 37, em uma clara retaliação ao governo Dilma Rousseff.

O diplomata trabalhou com o petista Marco Aurélio Garcia, assessor especial da presidente da República para assuntos internacionais.

Em sabatina no último dia 14 de maio, ouviu críticas ao antigo chefe e saiu em sua defesa. Os argumentos de Patriota, porém, foram usados para rejeitá-lo.

Segundo a Folha apurou, a nova indicação pode demorar algum tempo para ser viabilizada. Isso porque, apesar de considerar ter quadros altamente qualificados para assumir a função, é preciso reavaliar o perfil da indicação e agregar opções com experiência em fóruns multilaterais e que tenham trabalhado com os países das Américas.

O governo diz que Guilherme Patriota se encaixava nos dois parâmetros, pois atuou em países da região e integrou as missões brasileiras na Organização das Nações Unidas e na própria OEA.

A OEA reúne 35 países da região, que inclui diferentes matizes econômicas e políticas, caso de Estados Unidos e, agora, Cuba, por exemplo.

Patriota, irmão de Antonio Patriota, ex-chanceler de Dilma, era escalado para tomar posse na nova função já na semana que vem. O Palácio do Planalto recebeu indícios de que o plenário do Senado recusaria o nome, mas preferiu manter a votação.

Apesar da derrota, tanto o Palácio do Planalto quanto o Itamaraty apostam que um novo embaixador deve passar pelo crivo dos senadores "com certa tranquilidade".

Editoria de Arte/Folhapress

REAÇÃO

Com sede em Washington, capital dos EUA, a OEA é o principal e mais amplo fórum continental. Mesmo sem maior destaque na diplomacia brasileira atual, o posto tem peso estratégico e passa por um momento crucial.

O país está há quatro anos sem embaixador na organização, desde que Ruy Casaes foi convocado de volta a Brasília em reação a uma decisão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

Na época, a comissão havia pedido a suspensão do licenciamento da usina de Belo Monte por causa do impacto sobre a comunidade local.

Dilma reagiu. Não só retirou o embaixador como suspendeu por um tempo os repasses de dinheiro que mantém o organismo.

Desde então, a missão tem sido chefiada interinamente pelo diplomata Breno Costa.

Costa, porém, já recebeu o agrément (confirmação) de Honduras para ser o novo embaixador do Brasil no país.


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