Folha de S. Paulo


Escândalo da casa da primeira-dama abala imagem de Enrique Peña Nieto

Um dos vídeos mais compartilhados nas redes sociais pelos mexicanos nos últimos tempos é a resposta da primeira-dama, Angelica Rivera, às acusações de que teria recebido de presente do empresário Hinojosa Cantú uma mansão no valor de US$ 7 milhões.

Nitidamente embaraçada, a ex-atriz de novelas da Televisa declara que comprou o imóvel com o dinheiro recebido em sua "carreira de êxito" e nega que a chamada "Casa Branca" tenha sido uma retribuição de favores por parte do empresário, beneficiado em licitações de obras do governo federal.

"A resposta só piorou a situação, ninguém acreditou, e ficou a sensação de que o casal presidencial não está nem aí, pois ela justifica o 'gasto' por ter bom gosto com relação a arquitetos, uma futilidade", diz à Folha o jornalista e ensaísta Guillermo Osorno.

O episódio da "Casa Branca", logo após o desaparecimento dos estudantes em Ayotzinapa, deu início a um processo de desgaste do governo e à queda da popularidade de Enrique Peña Nieto, dos 51%, há um ano, para os 39% atuais, segundo pesquisa do jornal "Reforma".

Após a divulgação do caso "Casa Branca", não pararam de surgir outros casos.

Investigação do "Wall Street Journal" mostrou que o ministro das Finanças, Luis Videgaray, também havia recebido uma casa luxuosa, das mãos do mesmo empresário.

Já no mês passado foi a vez da revista "Proceso" divulgar que o secretário de governo, Osorio Chong, também ganhara duas propriedades, em área nobre da Cidade do México.

Peña Nieto anunciou que as acusações seriam investigadas e enviou ao Congresso um projeto de lei para criar um Sistema Nacional Anticorrupção. Já aprovado pelo Senado, terá de passar pelas assembleias estaduais para depois ser promulgado.

A senadora do PRI, Lilia Merodio, disse que a reforma da lei era uma "reação às denúncias" e que daria bases para "um México honesto, justo e democrático".

A oposição, porém, vê oportunismo eleitoral. "É apenas uma simulação, e sai em data eleitoral, ou seja, que possivelmente será usado na campanha", disse Manuel Bartlett, do Partido do Trabalho.


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