Folha de S. Paulo


Na Argentina, Cristina faz seu 17º pronunciamento na TV em 5 meses

Em seu 17º discurso transmitido em cadeia nacional em menos de cinco meses, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, defendeu seus pronunciamentos frequentes na televisão em um ano de eleições.

O uso da cadeia nacional está sendo questionado pela oposição, que o considera abusivo.

Nesta quinta (14), Cristina fez um discurso mais curto do que o habitual (teve apenas 25 minutos). O motivo era inaugurar da nova sede da Universidade de Rio Negro.

Nos primeiros 15 minutos, a presidente falou do investimento educacional e de outros projetos do governo, mas depois partiu para outros assuntos da agenda política, defendendo a sua superexposição na mídia e o seu ministro da Economia, Axel Kicillof.

"Há alguns por aí que não gostam da cadeia nacional. Mas [sem ela] ninguém se inteiraria do que acontece neste país", afirmou. "Eu também não gostei da cadeia nacional que ocorreu nesta manhã".

Cristina se queixava da repercussão que teve nas rádios e na televisão uma reportagem publicada pelo jornal "Clarín" -desmentida durante o dia- de que Kicillof receberia 400 mil pesos por mês por um cargo na direção da YPF, a estatal argentina do petróleo.

Patricio Murphy - 13.mai.2015/Brazil Photo Press
Em Buenos Aires, manifestantes fazem ato contra Cristina Kirchner e pela permanência do juiz Carlos Fayt, 97, na Suprema Corte
Em Buenos Aires, manifestantes fazem ato contra Cristina Kirchner e pela permanência do juiz Carlos Fayt, 97, na Suprema Corte

Segundo Cristina, a informação teria surgido com o objetivo de atrapalhar as negociações salariais em curso. O ministro tem articulado um reajuste ao redor de 25% para os trabalhadores de várias categorias, que desejavam aumentos acima de 30%. O argumento de Kicillof é que a inflação está em trajetória de queda.

"Sei bem o que queriam, queriam envenenar as pessoas, enchê-las de ódio", disse Cristina. "E por que atacam o ministro da Economia? Porque não podem comprá-lo. Se ele fosse vendido, não receberia nenhum ataque".

PRONUNCIAMENTOS

O novo discurso da presidente ocorreu no dia em que políticos radicais informaram que vão denunciar a presidente por uso abusivo das inserções em cadeia nacional.

Segundo os políticos, a lei de comunicação de 2009 afirma que o instrumento só deveria ser usado em casos excepcionais, de gravidade ou transcendência institucional.

Além da propaganda dos programas do governo, os pronunciamentos recentes de Cristina tiveram uma pitada eleitoral. Na aparição desta quinta, por exemplo, Cristina abriu seu discurso agradecendo candidatos de seu partido na província.

"Obrigada Miguel [Picchetto], senador, companheiro e futuro governador da querida província de Rio Negro".

Apesar das críticas, Cristina sugeriu que não pretende diminuir sua exposição em cadeia nacional.

Em suas palavras, enquanto os críticos falam horas e horas de mentiras nos veículos tradicionais de comunicação, seus pronunciamentos são pequenos, por uma ou duas vezes por semana, e tem por objetivo mostrar as coisas boas do país.


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