Folha de S. Paulo


ANÁLISE

Por que as pesquisas erraram tanto na eleição no Reino Unido?

Quando as pesquisas de boca de urna saíram, os números pareciam inacreditáveis. Horas depois, via-se que as sondagens tinham subestimado a quantidade de cadeiras que os conservadores levariam e superestimado a fatia dos trabalhistas na eleição britânica.

Está claro que os institutos de pesquisa tiveram uma péssima eleição.

No fim, o debate sobre levantamentos on-line e por telefone e sobre diferentes metodologias se provou irrelevante. Embora ao longo da campanha as sondagens telefônicas tenham mostrado várias vezes os conservadores à frente, a maioria dos institutos estava prevendo um empate.

O desafio de tentar entender o que deu errado não é simples. Os mesmos métodos usados por quase todos os institutos, em diferentes países, são confiáveis na maioria das vezes.

Assim o foram há somente cinco anos, na eleição parlamentar britânica de 2010.

Russell Cheyne -7.mai.2015/Reuters
Nicola Sturgeon, líder do Partido nacional Escocês, festeja contagem de votos na eleição britânica
Nicola Sturgeon, líder do Partido nacional Escocês, festeja contagem de votos na eleição britânica

Mas, às vezes, como na última quinta (7), ou na recente eleição parlamentar de Israel, as pesquisas erram. Neste momento é impossível dizer o porquê.

Pode ser simplesmente porque as pessoas mentiram para os pesquisadores, estavam com vergonha de revelar seu candidato ou genuinamente mudaram de opinião no dia da votação.

Ou pode haver questões subjacentes mais complexas dentro do setor de pesquisas de opinião, devido por exemplo ao fato de que um número cada vez menor de pessoas usam linhas fixas de telefone ou de que pesquisas pela internet são, em última instância, baseadas em uma amostra mais difícil de ser controlada.

Na Escócia, as pesquisas parecem ter tido melhor desempenho (ou talvez os escoceses foram menos tímidos diante dos pesquisadores).

As projeções de que o Partido Nacional Escocês (SNP, na sigla em inglês) levaria quase todos os 59 assentos escoceses no Parlamento se materializaram.

O paradoxo é que a maioria dos institutos pensava que o cenário pré-eleição na Escócia era menos confiável que na Inglaterra.

No fim, o que se revelou nas urnas escocesas ficou praticamente igual ao que diziam as pesquisas.

Ao contrário do que se viu na Inglaterra -mesmos institutos, mesmos métodos, mas resultados muito diferentes.

É um sinal de mudança genuína de opinião do eleitor às vésperas de votar ou um problema mais profundo com os institutos de pesquisa?


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