Folha de S. Paulo


Jean-Marie Le Pen não quer que a filha concorra usando seu sobrenome

Em entrevista à rádio francesa Europe1 nesta terça-feira (5), o fundador e atual presidente de honra do partido de extrema direita Frente Nacional, Jean-Marie Le Pen, disse "ter vergonha" de que a presidente do partido, Marine Le Pen, sua filha, tenha o mesmo sobrenome que ele.

Um dia após ter sido suspenso da sigla pela direção executiva, ele disse desejar "que ela [Marine] perca o nome [de família] o mais rapidamente possível".

Na segunda-feira (4), a FN realizou uma audiência disciplinar para analisar as declarações de Jean-Marie sobre a Segunda Guerra e decidiu pela suspensão do criador da sigla. O diretório poderia tê-lo expulsado do partido.

Há algumas semanas, Jean-Marie voltara a dizer, como já havia feito anos atrás, que as câmaras de gás dos campos de extermínio nazistas eram "um detalhe" da Segunda Guerra.

Jean Sebastien Evrard/AFP
Jean-Marie Le Pen e sua filha Marine
Jean-Marie Le Pen e sua filha Marine

Os integrantes do partido decidirão em breve se ele deve perder o cargo honorário que ainda tem na sigla, o que é o desejo da direção.

Jean-Marie quer que a filha legalize sua relação com o companheiro, Louis Aliot, um dos vice-presidentes da FN, para que passe a utilizar o sobrenome Aliot.

"Case-se, para poder mudar de nome e aliviar minha consciência", disse cruamente à sua filha.

Na mesma entrevista, Jean-Marie classificou como "conspiração e traição" a decisão dos membros do diretório.

"Sei que Marine está cercada de socialistas e de gaulistas de origens diferentes e que não estão seguindo o espírito da Frente Nacional", disse, citando como exemplo Florian Philippot, braço direito de Marine e um dos vice-presidentes da FN.

Em resposta ao violento discurso do pai, Marine disse que o partido tem tomado a "boa decisão" devido aos "desvios" e à "violência" de Jean-Marie.

"Não havia outra solução", disse.


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