Folha de S. Paulo


Após protestos de etíopes, Netanyahu pede erradicação do racismo no país

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, pediu nesta segunda-feira (4) a "erradicação" do racismo após as violentas manifestações que agitaram esta semana a comunidade de judeus de origem etíope em país.

"Temos de estar unidos contra o fenômeno do racismo. Temos de denunciá-lo e erradicá-lo", disse Netanyahu, citado em um comunicado do governo, depois de uma reunião de três horas com representantes da comunidade etíope.

Daniel Bar On/Efe
Damas Pakada, o soldado israelense de origem etíope que foi agredido, chega para encontro com Netanyahu
Damas Fikadeh, o soldado israelense de origem etíope que foi agredido, chega para encontro com Netanyahu

Netanyahu acrescentou que nomeou um comitê ministerial para tratar dos desafios de integração enfrentados pelos israelenses de origem etíope, incluindo as dificuldades nas áreas da educação, habitação e emprego.

Mais de 60 policiais e manifestantes ficaram feridos domingo à noite em Tel Aviv durante um protesto que reuniu ao menos 3.000 pessoas e terminou em tumulto.

Os judeus de origem etíope protestavam contra as agressões feitas por policiais israelenses contra um soldado de origem etíope, Damas Fikadeh.

As agressões foram gravadas em um vídeo que caiu nas redes sociais.

Netanyahu recebeu o soldado em seu escritório em Jerusalém e o abraçou. "Fiquei chocado com as imagens. Não podemos aceitar esse tipo de coisa e vamos mudar isso", declarou o premiê no Twitter.

ATRITOS

Comentaristas israelenses afirmam que, apesar de ter recebido milhões de migrantes em 60 anos, o país não superou os atritos nas relações entre judeus do Leste Europeu e do Oriente Médio, os oriundos da África e a minoria árabe.

"Há problemas de discriminação e racismo em Israel, e nós queremos que o premiê lide com isso", disse Fentahun Assefa-Dawit, diretor de um grupo de defesa dos israelenses etíopes, antes de se encontrar com o primeiro-ministro.

Dezenas de milhares de judeus etíopes foram levados a Israel em operações secretas nas décadas de 80 e 90, batizadas de "Operação Moisés" e "Operação Salomão", para resgatá-los da fome e da instabilidade política na África.

Hoje, calcula-se que eles sejam 130 mil em Israel, boa parte deles já nascida no país.


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