Folha de S. Paulo


No Nepal, idoso com mais de 100 anos é resgatado sete dias após terremoto

Um nepalês com mais de 100 anos de idade foi resgatado com vida sob os escombros de sua própria casa uma semana depois do terremoto que atingiu o Nepal, anunciou a polícia local neste domingo (3).

O idoso foi encontrado neste sábado (2) por uma equipe de resgate da polícia nepalesa sob os escombros de sua casa em Kimtang-8, no distrito de Nuwakot (ao norte de Katmandu, capital do país), afirmou o porta-voz do Ministério do Interior, Laxmi Prasad Dhakal.

"Embora vários meios de comunicação tenham especulado sobre sua idade, a única coisa que podemos dizer é que supera os 100 anos, embora desconhecemos a idade exata", disse Dhakal, que acrescentou que o idoso foi trasladado de helicóptero ao hospital mais próximo.

Segundo asseguraram fontes dos serviços de resgate ao jornal local "Kantipur", o estado de saúde do homem era, aparentemente, bom, com exceção de alguns pequenos cortes nos lábios.

O porta-voz do Ministério do Interior nepalês havia assegurado ontem que existiam "poucas possibilidades de encontrar alguém com vida" sob os escombros, embora disse que isso não impediria que as equipes de resgate continuassem as buscas.

Até este sábado, a última pessoa resgatada tinha sido uma jovem de 24 anos, que foi tirada sob os escombros de um edifício em Katmandu na noite de quinta-feira por equipes do Nepal, Israel e Noruega, após permanecer 128 horas sob a terra.

No mesmo dia, um adolescente de 15 anos, Pemba Lama, foi resgatado após 120 horas nas ruínas do edifício de sete andares em que trabalhava na área de Gongabu.

O terremoto devastou vários distritos do Vale de Katmandu e setores da capital nepalesa, deixando até o momento 7.040 mortos e 14.123 feridos.

De acordo com a ONU, o terremoto destruiu 160.786 casas e outras 143.673 ficaram danificadas no Nepal.

BUROCRACIA

A ONU e organizações humanitárias se queixaram da burocracia que tem atrasado a entrada de remédios e mantimentos no país.

Segundo as Nações Unidas, o governo não flexibilizou as regras da alfândega após a tragédia, e as mercadorias enviadas para o socorro das vítimas estão se acumulando no aeroporto e em armazéns de Katmandu à espera de autorização.

"Precisamos que os produtos cheguem às áreas afetadas", disse Jamie McGoldrick, coordenador local da ONU.

O gabinete nepalês, por sua vez, queixa-se do envio de produtos como "atum e maionese" em vez de tendas e grãos. O governo estima que o número de vítimas deve aumentar nos próximos dias, quando as equipes de resgate chegarem a regiões mais remotas do país.

O Consórcio de Redução de Riscos no Nepal, do qual participa a ONU, calcula ser preciso R$ 1,2 bilhão para lidar com a crise humanitária.


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