Folha de S. Paulo


Missionário brasileiro estende sua ajuda a vítimas do terremoto

Há 15 anos vivendo no Nepal, o missionário brasileiro Silvio Aparecido Pereira da Silva e sua mulher, Rose, dedicam a vida a resgatar meninas do tráfico humano. Depois do terremoto do dia 25, eles decidiram ampliar a assistência às vítimas do desastre.

Ao relembrar o instante do terremoto, Silva diz que viveu momentos de pânico junto com a família. Passada uma semana do desastre, ele está admirado com a solidariedade dos nepaleses.

"O terremoto derrubou as rígidas barreiras entre as castas hindus. No começo, as pessoas de castas altas abrigadas na nossa escola não queriam ficar junto às meninas do nosso projeto, que são de castas inferiores", diz Silva, 50. "Agora não querem mais sair."

Líder do projeto Menina dos Olhos de Deus, ligado à ONG Missão Cristã Mundial, Silva conta com 17 voluntários brasileiros, que dão ajuda a meninas que foram vítimas do tráfico de pessoas.

Muitas tinham sido vendidas para a prostituição ainda crianças, antes de serem resgatadas e levadas para o abrigo chefiado pelo brasileiro. Atualmente, o projeto conta com quatro casas e uma escola em Katmandu, prestando assistência a 150 garotas.

Temendo novos tremores, todos têm dormido no pátio da escola.

Silva está esperando as estradas serem liberadas para viajar para o distrito de Sindhupalchok, um dos mais pobres do país, que fica a nordeste da capital.

O plano é levar alimentos, água, cobertores, remédios e lonas para abrigar as vítimas que perderam suas casas.

Segundo o brasileiro, a tragédia deu uma lição de humildade para o governo nepalês. Em tempos normais, o projeto comandado pelo brasileiro só tem permissão para trabalhar em sete dos 75 distritos do Nepal. Com o terremoto, isso mudou.

"O governo é muito orgulhoso e não admite que precisa de ajuda", diz. "Mas, diante da gravidade da situação, nós e outras organizações recebemos carta branca para trabalhar no país inteiro."


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