Folha de S. Paulo


Capital e outras cidades dos EUA têm marchas contra violência policial

Milhares de pessoas foram às ruas de cidades norte-americanas nesta quarta-feira (29) para protestar contra a morte de um jovem negro em Baltimore, no Estado de Maryland, na semana passada.

Freddie Gray, 25, sofreu um grave ferimento na coluna ao ser preso no dia 12 de abril –ele morreu no hospital uma semana depois. O caso gerou violentos protestos na cidade.

Nesta quarta, houve manifestações em Nova York, Boston (Massachusetts), Houston (Texas), Seattle (Washington), Denver (Colorado) e na capital americana Washington.

Os manifestantes pedem o fim da violência policial e uma intervenção do governo federal para punir os responsáveis pelas recentes mortes de vários homens negros por policiais brancos no país.

Em Baltimore, cerca de 1.000 pessoas marcharam pacificamente até a prefeitura da cidade no início da noite, pedindo a condenação dos policiais envolvidos na morte de Gray –os seis agentes foram suspensos até o fim das investigações.

"Nada acontece. Os policiais deveriam ser no mínimo indiciados para irem a julgamento", afirmou Abdulah Moaney, 53, morador da cidade.

Win McNamee/AFP
Estudantes protestam em Baltimore cantando
Estudantes protestam em Baltimore cantando 'Justiça para Freddie Gray' em direção à prefeitura

De acordo com o comissário da Polícia de Baltimore, Anthony Batts, 18 pessoas foram detidas durante o dia –entre elas, dois menores de idade. Ele não divulgou, no entanto, a razão das prisões.

Um toque de recolher imposto pela prefeitura entrou em vigor novamente em Baltimore às 22h locais (23h de Brasília). Dezenas de pessoas permaneciam no cruzamento das avenidas North e Pensilvânia –que se tornou o epicentro dos protestos na cidade– quando a limitação começou.

Houve confusão e brigas entre membros de gangues rivais da região, mas a polícia conseguiu dispersar a concentração e, por volta das 23h, as ruas já estavam vazias.

Em Nova York, centenas de pessoas se reuniram na região de Union Square, em Manhattan, e marcharam pela cidade. Foram registrados alguns confrontos com a polícia, que tentava evitar o bloqueio das vias, e 60 pessoas foram presas.

O prefeito da cidade, Bill de Blasio, enviou mensagens aos manifestantes, afirmando que "se querem mudar as coisas, mantenham o protesto pacífico."

Na capital americana, Washington, cerca de 500 pessoas protestaram pela cidade até chegar à Casa Branca. "A noite toda, o dia todo, vamos lutar por Freddie Gray", cantavam.

TESTEMUNHA

As circunstâncias que levaram à morte de Freddie Gray não estão claras. A polícia ainda investiga se ele sofreu uma fratura na coluna cervical ao ser detido ou dentro da van policial em que foi transportado por cerca de 30 minutos.

Na noite desta quarta, uma reportagem publicada pelo jornal "The Washington Post" revelou o depoimento de outro detido, que dividiu o veículo com o jovem.

Segundo ele, era possível ouvir Gray "se jogando contra as paredes" da van –ele não conseguia, porém, enxergá-lo. De acordo com o documento obtido pelo jornal, o detido acredita que o jovem estaria "tentando se machucar intencionalmente."

O depoimento foi rejeitado por Jason Downs, um dos advogados da família de Gray. "Nós discordamos de qualquer sugestão de que Freddie Gray tenha quebrado sua própria coluna", afirmou.


Endereço da página: