Folha de S. Paulo


País sem cemitérios, o Nepal crema as vítimas do terremoto; veja fotos

Por não possuir cemitérios, o Nepal está cremando as vítimas do terremoto de magnitude 7,8 que deixou milhares de mortos, feridos e desabrigados no sábado (25).

Isso ocorre devido à composição religiosa da população do país: mais de 80% dos nepaleses são hindu e outros 9% são budistas. Muçulmanos somam 4,4% e cristãos, 1%. Há, ainda, praticantes de religiões animistas.

Nas tradições do hinduísmo e do budismo, costuma-se cremar os mortos em piras, um ritual que pode parecer estranho para muitos ocidentais —que costumam enterrar os mortos ou vesti-los em roupas de qualidade antes de cremá-los dentro de caixões.

Tanto hindus quanto budistas acreditam em reencarnação e, portanto, essa seria a forma mais compassiva de se tratar os mortos. Segundo a tradição, ainda que nossos corpos estejam sem vida após morrermos, o nosso espírito —alma para os hindus, consciência para os budistas— permanece vivo e busca outro corpo para reencarnar.

Caso o corpo não seja rapidamente destruído após a morte, o espírito permanece preso e é forçado a permanecer na Terra. Quando o corpo é queimado na pira fúnebre, ele é livre para deixar o corpo. Em seguida, as cinzas são atiradas ao rio Bagmati, sagrado para hindus e para budistas.

TERREMOTO

Diversos templos e monumentos sagrados para os hindus e budistas ficaram destruídos pelo tremor —é o caso do templo de Shiva e a pagoda de Narayan, em Katmandu.

No entanto, diferentemente das religiões abraâmicas (como o judaísmo, o cristianismo e o islamismo) —nas quais se acredita em um único deus onisciente e poderoso e, portanto, capaz de controlar desastres naturais—, hindus e budistas olham para acontecimentos trágicos de outra forma.

Por meio das redes sociais, pessoas em diferentes países estão organizando correntes de orações para as pessoas afetadas pelo terremoto. Autoridades religiosas como o papa Francisco e o dalai-lama já manifestaram suas condolências às vítimas.


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